Penso às vezes nos sonhos, nos amores,
Que inflamei à distância pelo espaço;
Penso nas ilusões do meu regaço
Levadas pelo vento a alheias dores...
Penso na multidão dos sofredores,
Que uma bênção tiveram do meu braço:
Talvez algum repouso ao seu cansaço,
Talvez ao seu deserto algumas flores...
Penso nas amizades sem raízes,
Nos afetos anônimos, dispersos,
Que tenho sob os céus de outros países...
Penso neste milagre dos meus versos:
Um pouco de modéstia aos mais felizes,
Um pouco de bondade aos mais perversos...