Que julgas, ó Ministro de Justiça?
Por que fazes das leis arbítrio errado?
Cuidas que dás sentença sem pecado?
Sendo que algum respeito mais te atiça.
Para obrar os enganos da injustiça,
Bem que teu peito vive confiado,
O entendimento tens todo arrastado
Por amor, ou por ódio, ou por cobiça.
Se tens amor, julgaste o que te manda;
Se tens ódio, no inferno tens o pleito,
Se tens cobiça, é bárbara, execranda.
Oh miséria fatal de todo o peito!
Que não basta o direito da demanda,
Se o Julgador te nega esse direito.