- Contudo, contudo,
- Também houve gládios e flâmulas de cores
- Na Primavera do que sonhei de mim.
- Também a esperança
- Orvalhou os campos da minha visão involuntária,
- Também tive quem também me sorrisse.
- Hoje estou como se esse tivesse sido outro.
- Quem fui não me lembra senão como uma história apensa.
- Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.
- Caí pela escada abaixo subitamente,
- E até o som de cair era a gargalhada da queda.
- Cada degrau era a testemunha importuna e dura
- Do ridículo que fiz de mim.
- Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse,
- Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,
- Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo.
- Sou imparcial como a neve.
- Nunca preferi o pobre ao rico,
- Como, em mim, nunca preferi nada a nada.
- Vi sempre o mundo independentemente de mim.
- Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,
- Mas isso era outro mundo.
- Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.
- Acima de tudo o mundo externo!
- Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim.