Eu, que à sombra vivi dos teus cabelos,
Eu, que sob os teus pés tenho vivido,
Eu não devo por ti morrer de zelos,
Nem o dizer, sentindo-me ferido.
Posso cair: tu me verás caído,
Outras me hão de os seus braços estendê-los;
Rindo ouvirás meu pranto, e o meu gemido,
Que alguns ouvidos só hão de entendê-los.
Ao réu de morte resta-lhe a palavra,
Juiz algum sem o ouvir sentença lavra;
Numa habitual, feroz tranqüilidade...
Sem me ouvir, me mataste, eu te asseguro...
Abismo, abre-me o céu, que em ti procuro,
Tu tens, abismo, um coração, piedade...