Descalço e sem chapéu Apolo louro,
dos mais vestidos bem ataviado,
um dia o vi vir tão namorado
da lira, que nas mãos trazia, de ouro...
Dizendo alegre vinha: «Ó meu tesouro,
vida e tempo nas músicas gastado,
com um defeito is desconcertado
que, sendo português, me fazeis mouro.
No trajo digo só, porque é costume
na minha gente ser o trajo inteiro,
não em parte; mas em tudo se resume.
Dais-me pelote e capa, sem sombreiro;
sem calças me subis num alto cume,
aonde o vento temo ser ligeiro».