Diccionario Bibliographico Brazileiro/Aarão Leal de Carvalho Reis

Aarão Leal de Carvalho Reis Filho do doutor Fabio Alexandrino de Carvalho Reis, de quem farei menção no logar competente, e de dona Anna Leal de Carvalho Reis, nasceu a 6 de maio de 1853 na capital da provincia do Pará, onde seu pae exercia o cargo de inspector da alfandega.

Matriculando-se na escola central em 1869, concluiu o curso de engenheiro geographo em 1872, o de engenheiro civil em 1874, e recebeu o grau de bacharel em sciencias physicas e mathematicas, já tendo antes exercido o magisterio como lente de mathematicas elementares em diversos collegios.

Em 1873, antes de bacharelar-se, entrou como praticante para a direcção das obras publicas da alfandega; em 1875, apenas formado, foi nomeado para fiscalizar as obras do novo matadouro da côrte, onde sustentou uma luta incessante com os empreiteiros que procuravam combater as clausulas firmadas com o governo, commissão que exerceu até ser rescindido o contrato, em novembro de 1878; em 1879 fez parte da commissão, que, sob a presidencia do conselheiro Christiano Ottoni, deu parecer sobre a rescisão do contrato e avaliou as obras feitas e por fazer no novo matadouro, dirigindo o serviço das obras feitas; e depois, como engenheiro gerente, incorporou a companhia ferro-carril de Cachamby, que conseguiu montar em oito mezes, construindo os primeiros dous kilometros de via ferrea, regulamentando e iniciando o trafego.

Ultimamente, em 1880, tomou parte no concurso ás vagas da segunda secção do curso de engenharia civil da escola polytechnica, sendo habilitado para o provimento dessas vagas; e exerceu o magisterio na mesma escola, como substituto da aula preparatoria do curso de artes e manufacturas até o anno corrente.

Fundou a sociedade União Beneficente Academica da escola central com seu collega José de Napoles Telles de Menezes, e della foi presidente; é socio de outras, e tem collaborado em diversos periodicos litterarios.

Escreveu:

Centro academico. Rio de Janeiro, 1872 — E’ um jornal semanal que fundou e redigiu, sendo ainda estudante, com o fim de congraçar e harmonisar em um centro commum de actividade e trabalho as duas escolas, central e de medicina, o que conseguiu depois de muito esforço, reunindo para isto e obtendo o apoio de doze estudantes de cada uma dellas; e ainda conseguiu congraçar, em torno do mesmo jornal, as escolas militar e de marinha. Esta empreza, entretanto, pouco tempo funccionou.

A rescisão do contrato de 25 de julho de 1874, discutida e documentada. Rio de Janeiro, 1879 — Esta obra escreveu o autor depois que deixou a commissão, de que foi encarregado, relativamente ás obras do matadouro, e foi mandada publicar pelo governo.

Trigonometria espherica de Dubois: traducção. Rio de Janeiro, 1872.

A republica constitucional por Ed. Laboulaye: traducção. Rio de Janeiro, 1872 — Foi publicada sob o pseudonymo de Horacio Mann.

A instrucção publica superior no imperio: (série de artigos publicados no Globo, e depois colleccionados). Rio de Janeiro, 1875. 91 pags. in-8.°

A Exposição nacional: artigos publicados na Gazeta de Noticias em dezembro de 1875, e janeiro de 1876.

Lições de algebra elementar. Rio do Janeiro, 1876.

A idéa de Deus por E. Littré: traducção. Rio de Janeiro, 1879.

O decreto de 19 de abril de 1879: artigos publicados no Jornal do Commercio de 2 a 21 de maio de 1879.

As faculdades livres: artigo publicado na Gazeta de Noticias em maio de 1879.

Estatísticas moraes e applicação do calculo das probabilidades a este ramo de estatistica. Rio de Janeiro, 1880 — E’ uma dissertação que o autor escreveu para o concurso ás vagas da segunda secção do curso de engenharia civil, seguida de proposições sobre outros pontos.

A engenharia e as obras publicas no Brazil: artigos publicados no Jornal do Commercio de 25 de setembro a 15 de outubro de 1880.

A escravidão dos negros: reflexões de Condorcet: traducção. Rio Janeiro, 1881 — Divide-se esta obra em duas partes, isto é: Considerações geraes, philosophicas; e considerações especiaes e praticas.

A luz electrica, pelo systema de Edison, applicada à illuminação particular. Rio de Janeiro, 1882 — E’ um relatorio e parecer que escreveu o Dr. Aarão, em commissão nomeada pelo director do club de engenharia com os Drs. José Americo dos Santos e João Raymundo Duarte.