Diccionario Bibliographico Brazileiro/Adelina Teixeira Mendes
D. Adelina Teixeira Mendes — Filha de José Teixeira Mendes e de dona Antonia Teixeira Mendes, natural do Maranhão, joven, solteira, vive em companhia de um irmão que é bacharel em direito e exerce um logar de juiz municipal nos sertões do Piauhy. E’ poetiza e tendo perdido quasi ao mesmo tempo o autor de seus dias e outro irmão, tambem formado em direito, seus versos se resentem da magoa e melancolia que lhe infiltraram n’alma dous golpes tão profundos.
De suas composições não existe collecção impressa; apenas tem publicado algumas em periodicos; e as que tenho á vista nem posso dizer onde se publicaram, porque foram-me enviadas por pessoa de sua familia, cortadas de taes periodicos. São de folhas do Piauhy as seguintes:
— Desalento: A’ minha prezada amiga dona Maria Amelia Rosa.
— Saudades: A’ minha prezadissima madrinha… dona Maria José Vaz Mendes.
— Uma prece sobre o tumulo de meu idolatrado irmão o doutor Bolivar Teixeira Mendes: soneto.
— A’ beira-mar: A’ minha prezadissima amiga dona Raymunda Ribeiro Soares — Nesta poesia, depois do descrever o mar, quando tempestuoso e quando em bonança, lembra sua dor e assim se exprime:
E tu, oh meiga virgem que amo tanto!
Quem sabe si n’ess’ hora de tristeza,
Fitando como eu o firmamento,
Não te rola dos olhos uma lagrima,
Filtrada pela dor, pela saudade?!
Oh! chora, anjo do céo, chora comigo,
E manda-me no zephiro saudoso
Um só dos beijos de teus labios puros
Que bem de manso me bafeje a fronte.
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Foi n’ess’ hora de dor e de amargura…
Carpindo a perda de um irmão querido,
Cansada adormeci…
Sentia me fugir o alento e a vida,
Encontrei-te em meu peito adormecida,
Despertei e vivi.
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