Diccionario Bibliographico Brazileiro/Aluizio de Azevedo

Aluizio de Azevedo — E’ natural da provincia do Maranhão, filho de David Gonçalves de Azevedo e irmão de Arthur de Azevedo, de quem se faz menção neste volume.

Vindo ao Rio de Janeiro, matriculou-se na academia de bellas artes, applicou-se ao desenho de caricaturas e como caricaturista trabalhou para a Comedia popular e para o Mequetrefe. Em 1878 ou 1879 voltou á sua provincia, mas pouco se demorando ahi, tornou ao Rio de Janeiro e aqui firmou sua residencia. E’, como seu irmão, cultor da litteratura, e particularmente da litteratura dramatica.

Escreveu:

Uma lagrima de mulher: romance original. S. Luiz, 1880.

O mulato: romance. S. Luiz, 1881 — E’ um livro de 488 pags., de costumes maranhenses.

Memorias de um condemnado: romance brazileiro — Foi publicado em folhetim na Gazetinha, Rio de Janeiro 1882.

Os doudos: comedia em tres actos, em verso — Não sei si foi publicada. Vi della um fragmento, assignado por Arthur e Aluizio de Azevedo na Revista dos theatros, periodico dedicado á litteratura e á arte dramatica, n. 1 de julho de 1879.

Casa de Orates: comedia em tres actos, original brazileiro, dos irmãos Arthur e Aluizio de Azevedo — Foi representada no theatro Sant’Anna em agosto de 1882. (Veja-se Arthur de Azevedo.)

A Flor de liz: opereta pelos irmãos Arthur e Aluizio de Azevedo — Foi levada á scena, e muito applaudida no theatro Lucinda.

Mysterio da Tijuca: romance original — Vem na Folha Nova. Começou a sahir em folhetim com o primeiro numero desta folha, a 1 de novembro de 1882.

Casa de pensão: estudo de costumes. — Na mesma folha, 1883, em folhetim.

Em sua volta ao Maranhão, redigiu:

O Pensador: orgão dos interesses da sociedade moderna. Maranhão, 1880 a 1881 — Como responsavel legalmente por um artigo, em que o padre José Baptista se considerou injuriado, foi Aluizio de Azevedo sujeito a um processo criminal. Por esta occasião foi publicado um opusculo, com o titulo A responsabilidade da imprensa, Maranhão, 1881, de 81 pags., em defesa do clero maranhense, contendo peças deste processo, entre as quaes se lê um trecho do illustrado jurisconsulto A. Gomes de Castro, transcripto no Monitor Catholico de S. Paulo, de 7 de agosto de 1881. O interesse que causou o processo se póde avaliar pelas seguintes palavras do doutor Gomes de Castro:

« Para que boletins incendiarios, insultuosos, senão burlescos, a proposito de uma causa sujeita aos tribunaes?

« O que significa o apparato de tres advogados gratuitos e espontaneos em uma causa summaria, senão o intuito de exercer pressão sobre o juiz ou sobre o queixoso?

« Qual o fim de convocar-se o povo para a sessão de exhibição do autographo, senão para abafar pala vozeria a acção tranquilla da justiça?

« Não está este procedimento reprehensivel patenteando o plano de levantar poeira para conseguir a impunidade do crime?

« Nosso rumo, porém, está antecipadamente traçado. Defenderemos por todos os meios legitimos o nosso direito. Cidadãos brazileiros, iremos aos tribunaes com a consciencia de desempenhar um dever e prestar um serviço á sociedade, que vive da justiça. Nem vociferações extemporaneas, nem vergonhosas capitulações; manteremos nosso posto, aguardando os acontecimentos.

« Temos uma consciencia, seguiremos seus dictames; não queremos tricas, nem linhas tortuosas; caminharemos com o favor de Deus na estrada da honra e da dignidade. Não nos inquietam os rumores da rua; desprezamos os insultos, e temos compaixão dos insultadores; a verdade romperá com seus raios possantes o nevoeiro das paixões; nosso triumpho será certo, porque defendemos a causa da justiça e da verdade, que não são cousas vans, mas um reflexo das divinas perfeições. »

Consta-me que redigira tambem no Maranhão uma folha intitulada Pacotilha.

Apêndice

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Aluizio de Azevedo, pag. 64 — Os seus Mysterio da Tijuca foram publicados em volume, Rio de Janeiro, 1883, em duas columnas . A Casa de pensão tambem foi editada em separado, em fasiculos, dos quaes sahiu o 1° em junho deste anno.