Diccionario Bibliographico Brazileiro/Alvaro Teixeira de Macedo
Alvaro Teixeira de Macedo — Filho do sargento-mór Diogo Teixeira de Macedo e de dona Anna Mattozo da Camara de Macedo, e irmão do conselheiro Sergio Teixeira de Macedo, que foi ministro do imperio, e do desembargador Diogo Teixeira de Macedo, nasceu na cidade do Recife, capital de Pernambuco, a 13 de janeiro de 1807, e falleceu na Belgica a 7 de dezembro de 1849.
Depois de fazer sua primeira educação litteraria no Brazil, seu pai o mandou para um collegio em Londres, d’onde voltou para o Rio de Janeiro no fim de quatro annos, prompto para entrar na vida commercial; mas, tendo para isto negação, foi para França com a intenção de estudar medicina, e d’ahi, por molestia, passou para Coimbra. Ainda em Coimbra não pôde encetar os estudos que projectava, porque, justamente quando ahi chegava para este fim, subia ao throno D. Miguel, e a universidade se fechava; e então, tornando ao Brazil, matriculou-se na academia de direito de sua provincia em março de 1829, na qual teve por companheiros seus dous irmãos, e formou-se em 1833.
Despachado para um logar de 1º escripturario da alfandega da côrte, foi depois nomeado addido á legação brazileira em Lisboa, para a qual foi seu irmão Sergio T. de Macedo nomeado encarregado de negocios em 1834; d’ahi passou a secretario da missão em Londres em 1836; de Londres passou a encarregado de negocios interino em Vienna d’Austria em 1843, e deste cargo para egual cargo, porém effectivo, na Belgica em fins de 1848; mas já soffrendo muito de sua saude, morreu quasi cego, poucos mezes depois.
Escreveu, desde estudante em Pernambuco, muitas poesias sobre assumptos nacionaes e outros, mas só consta que publicasse:
— A’ Independencia: poesia publicada no Diario de Pernambuco de 15 de setembro de 1829, e depois no Jornal do Recife de 6 de dezembro de 1877.
— A festa do Baldo: poema mixto, dedicado ao illustrissimo senhor Roberto Lucas em signal de respeito, amisade e gratidão filial que consagra o autor, seu genro, a tão bom e estimavel sogro. Lisboa, 1847, 94 pags. in-8.º — Este poema, que tem oito cantos em verso solto, escrevera o autor contrariado por não passar de secretario de legação, em 1842; acha-se integralmente reproduzido nas Biographias dos poetas pernambucanos, do commendador A. J. do Mello, vol. 3º, de pags. 159 a 220; e o Visconde de Porto-Seguro, que trata tambem deste autor, transcreve o ultimo canto no seu Florilegio da poesia brazileira, e bem que lhe note alguns defeitos, o considera o primeiro poema heroi-comico brazileiro.
Sabe-se que Alvaro Teixeira de Macedo escrevara, além de poesias avulsas, outras obras, que desappareceram, ou, como se diz, elle queimou.
Entre estas, ha:
— Uma traducçao do Othelo: tragedia de Ducis.
— Um drama de costumes (em verso), — em que elle zurzia ao mesmo tempo os uzurarios e as loureiras.
Redigiu finalmente:
— O Olindense: jornal politico e litterario. Pernambuco, 1831-1832, in-4.º — Foi seu companheiro na redacção desta folha seu irmão Sergio Teixeira de Macedo.