Diccionario Bibliographico Brazileiro/Antonio de Moraes e Silva

Antonio de Moraes e Silva — Natural do Rio de Janeiro, nasceu em 1757, e falleceu em Pernambuco a 11 de abril de 1824. Tendo feito o curso de direito na universidade de Coimbra, e recebido o grau de bacharel, diz Innocencio da Silva - se dispunha a entrar para o serviço da magistratura, quando em virtude de uma accusação contra elle levada ao tribunal da inquisição foi obrigado a fugir para a França, d’onde passou á Inglaterra.

O autor do Diccionario biographico portuguez, porém, se engana, asseverando que Moraes recebera o grau de bacharel em leis. No anno em que devia tomar o grau, e pouco antes do acto, tendo noticia que o santo officio o mandara prender - e o padre Antonio Pereira da Silva Caldas, tambem estudante, e já conhecido por suas virtudes, assim como por sua bella intelligencia (e esse é que foi o crime de ambos), o qual gemeu dous annos nos santos carceres - fugiu o lexicographo brazileiro para Inglaterra sem ter podido receber o grau, e foi então, na Inglaterra, que elle compoz seu excellente diccionario da lingua portugueza, Passou d’ahi a servir na legação de Paris; depois, indo a Lisboa, casou-se com a filha de um official superior do exercito; e como seu sogro fosse mandado servir em Pernambuco, acompanhou-o Moraes á esta provincia, da qual foi nomeado para servir na Bahia o cargo de juiz de fóra, não sendo tambem exacto que elle tivesse assento na relação desta provincia, como dizem Innocencio da Silva e o illustrado autor das Ephemerides brazileiras.

Na Bahia teve uma desharmonia, é certo, com o chanceller da relação, facto que o desgostou muito, e então, soffrendo dos olhos, abandonou a magistratura, voltou a Pernambuco, onde filmou sua residencia no engenho Moribeca, de sua propriedade, exercendo o cargo de capitão-mór, e sendo condecorado com a venera de cavalleiro da ordem de Christo.

Geralmente estimado, tanto por sua illustração, como pelo bello caracter de que ,era dotado, foi pelo povo pernambucano acclamado membro, do governo provisorio na revolução de 1817, honra, de que pediu que o dispensassem, por não querer tomar parte nos movimenlos politicos. Moraes e Silva escreveu: — Diccionario da lingua portugueza. Lisboa, 1789, 2 vols. - Desta obra se tem publicado divers1s e;lições, todas com accrescimos e atá com alterações ou com exclusões sem motivos que as justifiquem, a saber:

— Segunda ediçcío, correcta e augmentada, Lisboa, 1813,2 vols.

— Terceira edição, ampliada por PedJ'o José de Figueiredo - que a dirigira e lhe augmentara, segundo se disse, cinco a seis mil artigos. Lisboa, 1823, 2 vols.

— Quarta edição, correcta e accrescentada por Theotonio José de Oliveira Velho - servindo·se de apontamentos do autor, já então fallecido. Lisboa, 1 31 t 2 vols.

— Quinta ediçúo, notavelmente alterada, e com grande numero de artigos fornecid03 pelo padre Antonio de Castro - mas qu som-eu mutilações e exclusões de muitos artigos do autor para serem: substituidos por outros, que o Dr. Damazo Monteiro, encarregado della, copiou textualmente do diccionario de Constancio. Lisboa, 1844, 2 vols. Além de muitos erros, não apontados na tabelJa de enatas desta edição, sobe a 480 o numero dos apontados.

— Sexta edição, muito melhorada, COlO muitas emendas e additamentos, ministrados pelo desembargador Agostinho de Mendonça Falcão. Lisboa, 1858, 2 vols.

— Setima edição, melhorada e muito accrescentada, com grande numero de termos novos, usados no Brazil e no portuguez da India. Lisboa, f8n -1878, 2 vais.

— Historia de Portugal, composta em inglez por uma sociedade de litterMos, trasladada em vulgar com as addições da versão franceza e notas do traductor portuguez Antonio de Moraes e Silva, natural do Rio de Janeiro, Lisboa, 1788, 3 vaIs. com um mappa de Portugal- Esta obra foi dada ao prelo mais vezes, isto é :

— Segunda edição com additamentos. Lisboa, 1802,4 vaIs. — Terceira edição com additamentos' feitos por Hypolito José da Costa. Londres, 1809, 3 vols.

— Quarta edição (com designação de terceira) emendada 'e accrescentada com muitos factos interessantes, Qxtrahidos da nação até 1800, com algu~as novas notas pelo mesmo traductor. Lisboa, 1828, 5 vols. - 'Esta edição é posthuma. O que nesta historia iliz respaito a dona Maria 1, se· gundo atlirma Figaniere, é composlção do padre J, Agostinho de Macedo. Em continuação escr~veu José Maria de Souza Monteiro sua« Histori~ de Portugal desde o reinado de dona Maria I até a convenção de EvoraMORte com um resumo historico dos aconteclmenLos mais notaveis que têm tido logar desde então até nossos dias. Lisboa, 1838. » Ha finalmente edições comprehendendo a obra primitiva de Moraes e Silva, e o que posteriormente escreveu Souza Monteiro, sendo uma feita por B. L. Garnier, isto é :

— Historia de Portugal desde sua fundação até a convenção de Evora-Monte com um resumo historico dos acontecimentos, etc. por Antonio de Moraes e Silva e José Maria de Souza Monteiro .... 10 vols.

— Recreaçães do homem sensível ou coUecção de exemplos verdadeiros e patheticos, nos quaes se dá um curso de moral pratica, conforme as maximas da sã philosophia. Traduzidos de MI'. Arnaud. Lisboa, 1788 -1792,5 vols. - Segunda edição. Lisboa, 1821.

— Epitome da grammatica da lingua portugueza. Lisboa, 1806.

— Grammatica portugueza, Rio de Janeiro, 1824 - Existe este livro 'na bibliotheca municipal da côrte. Talvez não seja mais do que uma nova edição da precedente que não pude ver. Entre algumas obra; olferecidas por sua magestade o Imperador ao instituto historico, se acha este livro:

— Poesias de Elpino Duriense (enriquecidas de muitas notas philologicas, manuscriptas de Antonio de Moraes e Silva). Lisboa, 1812, vol. 2º — E não haveria um volume 1º?