Diccionario Bibliographico Brazileiro/D. Anna Ribeiro de Góes Bittencourt

D. Anna Ribeiro de Góes Bittencourt - Nasceu em Sant'Anna do Catú, provincia da Bahia, a 31 de janeiro de 1843, sendo seus paes o capitão Mathias de Araujo Góes, ali senhor de engenho, e dona Anna Maria da Annunciação Ribeiro Góes, e é casada com o doutor Socrates de Araujo Bittencourt.

Recebendo a primeira educação litteraria de sua virtuosissima mãe que, versada na Biblia a ponto de quasi a saber de cór, a instruira nos preceitos deste livro, aprendeu depois com uma mestra, que veio para o engenho de seu pai, a lingua franceza e musica, e mais tarde com outros mestres a lingua italiana, geographia, historia e finalmente as noções preliminares de physica com seu tio, o conselheiro Pedro Ribeiro de Araujo, lente da faculdade de medicina.

Deu-se desde muito joven á litteratura, não só de seu paiz como a franceza; cultiva a poesia, e achando um certo encanto na decifração de charadas e logogriphos tem composto um grande numero delles, e publicado alguns no Almanak luzo-brazileiro de 1880 a 1882, no Almanak da Gazeta de Noticias da Bahia de 1883, e na Verdade, periodico de Alagoinhas, em sua provincia.

Escreveu mais:

- A filha de Jephté: romance. Bahia, 1882 - Lera dona Anna Bittencourt as tragedias de Racine, Esther e Athalia, que, como ella se exprime no seu prologo, lhe despertaram a idéa deste romance, avivando-lhe as reminiscencias da Biblia.

- O anjo do perdão: romance - Este romance a pedido de Antonio Lopes Cardoso acaba de ser-lhe entregue para ser publicado na Gazeta de Noticias da Bahia, em folhetins, e depois talvez seja impresso em volume.

- Amor materno - artigo publicado no Almanak luso-brazileirode 1882.

- Avante! A' excellentissima senhora dona Analia Vieira do Nascimento, depois da leitura de sua epistola ao Sr. Antonio Xavier Rodrigues Cordeiro - Vem no Almanak de lembranças luso-brazileiro para 1881. E' uma composição de oitenta versos de metrificação diversa, que começa:

Tu dizes, Analia, que as grandes alturas
           Vedadas te são.
Co'o veu da modestia teu estro procuras
           Velar - mas em vão.

Si attenta perscruto teus passos infantes,
             Tentando-os seguir,
Do genio as faiscas ardentes, brilhantes,
             Diviso a fulgir.

Qual aguia, que as azas novéis agitando,
             Ensaia a voar,
E as aves rasteiras na terra deixando,
             Se elev:a no ar,

Assim vais, da gloria nos carros dourados...
             Brilhando te vi,
Emquanto mil outros das muzas amados
             Deixaste após ti.

Teus labios as ondas de um mar de harmonia
             Derramam a flux.
As ondas transforma-as do genio a magia
             Em jorros de luz!

Dona Anna Bittencourt possue ineditas muitas producções poeticas, entre as quaes se acham diversos hymnos religiosos.