Diccionario Bibliographico Brazileiro/Francisco Leite de Bittencourt Sampaio

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio — Filho de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, nasceu em Laranjeiras, na provincia, hoje Estado de Sergipe, em 1836. Bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, representou na camara temporaria a provincia da seu nascimento nas legislaturas de 1863 a 1871; administrou a ex-provincia do Espirito Santo, para a qual foi nomeado por carta imperial de 29 de setembro de 1867; exerceu a advocacia nos auditorios do Rio de Janeiro e exerceu o cargo de director da bibliotheca nacional, por nomeação do governo provisorio, poucos dias depois de proclamada a Republica, sendo obra sua a ultima reforma dessa bibliotheca. Como politico collaborou no periodico Republica e outros; como dedicado seguidor das doutrinas do espiritismo, publicou diversos trabalhos, e dentre elles as Cartas d’além tumulo; como poeta, emfim, escreveu:

Poesias de Bittencourt Sampaio, Macedo Soares e Salvador de Mendonça. S. Paulo, 1859, in-8°.

Flores silvestres: poesias, Rio de Janeiro, 1860, in-8° — Antes de dar á publicidade este livro, publicou algumas composições poeticas em revistas ou collecções, como a que tem por titulo «Harmonias brazileiras», de onde, além de outras, foram reproduzidas no presente volume: O tropeiro; A captiva; A solidão; Felippe Camarão; Soledade.

Evangelho de S. João, traduzido em verso. Rio de Janeiro, 1880, in-8° — Antes de publicar este livro, sahiram alguns trechos no periodico Reforma.

A divina epopéa de S. João Evangelista, trasladada para verso portuguez. Rio de Janeiro. 1882, 566 pags. in-4°, incluidas as da advertencia e das notas, que avolumam o livro. Explicando o texto da escriptura com a propria doutrina do espiritismo, o autor estabelece como principio que Jesus Christo não foi Deus, mas um espirito com a fórma humana apparente, corpo fluidico, embora visivel e tangivel, e em relação immediata com Deus; e neste principio se firma todo estudo e interpretação da escriptura. O Jornal do Commercio dá perfeita noticia do livro, com as seguintes palavras:

«A primeira parte, a negativa, Christo não é o mesmo Deus, procura o autor proval-a, já com argumentos a ratione, jâ com a mesma sagrada escriptura, segundo a qual affirma que nem Jesus se proclamou nunca igual a Deus, mas sempre inferior ao Pae, nem os apostolos nunca, como tal, o reverenciaram. Quanto á segunda parte, a positiva, o que era Christo, ahi devemos estar pelo que a nova revelação, a revelação dos espiritos ensinou ao autor e aos inspirados da sua escola. Christo era um espirito superior, protector e governador do globo terraqueo; querendo fazer a sua apparição entre nós, não encarnou em corpo de carne e osso, como outros espil'itos de inferior hierarchia, mas tomou apenas a apparencia humana, revestindo-se de uma natureza f1uidica, mas tangivel. Não querendo apparecer subitamente no meio de um campo, fez-se auxiliar por outros espiritos que, por meio do magnetismo-spiritista, simularam na Virgem-Mãe todos os effeitos de uma gestação de principio a fim, condensando gradualmente os fluidos appropriados e depois dispersando-os de um jacto no momento opportuno. O innocente artificio foi tão habilmente empregado, que illudiu a mesma Virgem, involuntaria complice dos espiritos nicromanticos. Espiritos e fluidos tudo o mais explicam. Muitas da personagens biblicas eram espiritos encarnados, e de algumas sabemos mesmo sob que nome haviam vivido outr’ora. Dos fluidos que todos lhe obedeciam servia-se Christo para operar os seus milagres, que assim deixavam de o ser, pois eram praticados por meio de forças naturaes e dentro das leis immutaveis que regem a mesma natureza. Magia branca, com a sciencia por unica auxiliar, e mais nada.»

Poema da escravidão, de Longfellow (Henry Wedsworth), traducção. Rio de Janeiro, 1884, in-8°.

A bella Sara, de Victor Hugo. Traducção. Rio de Janeiro, 1885, in-8°.

A náo da liberdade: ode. Rio de Janeiro, 1891, in-8° — Já havia sido publicada em 1870 na Reforma. Bittencourt Sampaio foi um dos collaboradores das

Lamartinianas: poesias de Lamartine, traduzidas por poetas brazileiros. Rio de Janeiro, 1869 — (Veja-se Antonio Joaquim de Macedo Soares.) Ha escriptos seus em revistas, como:

Nossa Senhora da Piedade: legenda. — no Monitor Catholico de 28 de junho de 1881. Presidindo o Espirito Santo, escreveu:

Relatorio com que foi aberta a sessão extraordinaria da assembléa provincial no anno de 1868. Victoria, 1868, in-fol.