ROUSSEAU (mito do "bom selvagem") → Romantismo → Utopia
A natureza não se engana nunca;
somos nós que nos enganamos
Jean-Jacques Rousseau (1712–1778), mais filósofo do que ficcionista, teve o mérito de preparar o advento do Romantismo e do Socialismo (→ Marx). A idéia central do teórico francês é que a natureza é boa e que a sociedade humana tem que seguir suas leis. Sua obra mais polêmica é o Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens (1754), onde, retomando uma tese anterior exposta no Discurso sobre as ciências e as artes (1750), ataca a sociedade civil, considerando-a como causa da perda da inocência e da bondade primitiva e apontando o papel corruptor da propriedade privada, fomentadora de guerras e de miséria. A exaltação desmedida do homem indígena irritou o irreverente Voltaire (→ Iluminismo) que, num bate-boca, teria dito a Rousseau:
"Ninguém usou de tanto espírito para nos querer transformar em bestas.
Dá-nos vontade de andar de quatro, quando lemos vossa obra!"
No Emílio, Rousseau apresenta seu pensamento pedagógico, defendendo a tese da bondade natural do homem (o mito do "bom selvagem") e da maldade como conseqüência das exigências da civilização. Rousseau propõe um tipo de educação segundo a natureza de cada um, de forma que a criança possa desenvolver suas aptidões espirituais. O Contrato social é um tratado de teoria política em que ele sonha com o surgimento de uma sociedade onde os indivíduos, sem deixar de serem livres, vivam em função do bem comum (→ Utopia). A Nova Heloísa é um romance epistolar que exalta o amor idealizado. Pela insistência sobre o conceito de liberdade e de fraternidade, por exaltar as forças da natureza e, sobretudo, por considerar o sentimento como a faculdade mais sublime do homem e a fonte de todo o verdadeiro conhecimento, Jean-Jacques Rousseau é considerado um expoente do socialismo utópico e o precursor do movimento romântico na Europa.