"Senhor Presidente, Senhores Ministros,
Não devo ocultar os sentimentos de júbilo cívico de que me encontro possuído ao receber das mãos dos mais altos representantes da Justiça Eleitoral o diploma de Presidente da República.
Com este ato solene encerra-se o prélio eleitoral de que participei e saí reconfortado pelas preferências da maioria da opinião popular.
Não pretendo evocar os episódios dessa memorável campanha, tão recentes e vivos na memória de todos. O que desejo proclamar, nesta excepcional oportunidade, é a vitória dos ideais pelos quais sempre porfiei e foram o sonho acariciado de muitas gerações: a vitória da liberdade, da garantia e da legitimidade do voto popular.
A reforma eleitoral por mim realizada em obediência aos reclamos e aos anseios da nacionalidade teve, agora, pela segunda vez, a contraprova do seu acerto. O voto secreto e a Instituição da Justiça Eleitoral propiciaram uma verdadeira revolução pacífica na vida política do país. O cidadão adquiriu a consciência do seu direito e exercendo-o via a sua vontade respeitada. A soberania popular não é mais uma ficção explorada pelas oligarquias outrora reinantes e interessadas em perpetuar o mandonismo político. O povo, liberto das maléficas influências da coação, do suborno e da intimidação, constituiu-se em instância suprema e inapelável para a escolha e a designação dos seus governantes. A Justiça Eleitoral, apurando e proclamando imparcialmente os resultados das urnas, consolidou a confiança pública nas instituições democráticas.
Não voltaremos mais ao tempo em que a fraude campeava livremente no alistamento, na eleição e na apuração. Os princípios de representação e justiça, de que se fizera infatigável propugnador o saudoso Assis Brasil e foram depois consubstanciados nos ideais revolucionários de 1930, representam uma conquista definitiva, concreta e irrevogável.
O papel preponderante que foi atribuído à Justiça togada na preparação, organização e fiscalização doa pleitos eleitorais é uma garantia de Isenção e imparcialidade.
Comparecendo a esta solenidade e recebendo dos eminentes Juízes da mais alta corte da Justiça Eleitoral o título que me investe nas funções e nos encargos de chefe do Poder Executivo, quero exprimir a minha inteira confiança no aprimoramento dos nossos costumes políticos, no progresso e aperfeiçoamento das práticas democráticas e na participação cada vez mais numerosa e substancial do povo nos problemas e nas decisões da vida nacional.
(Discurso pronunciado ao receber, no Tribunal Superior Eleitoral, o diploma do Presidente da República. 27.1.51)