Tu tens no coração todo o perfume
Que me embriaga a alma, docemente,
Que m'a eleva voando, mansamente,
Por ceu azul sem mancha, nem negrume.
Tu és, senhora, o alevantado cume
Da montanha do amor, onde vou, crente,
Curvar-me de joelhos, reverente,
Pelo poder que o teu olhar assume.
E sempre a adorar-te ficaria
Se soubesse que dentro do teu seio
Um affecto por mim rebentaria.
Assim, vivendo num cruel receio,
Topando a noite aonde espero o dia,
Talvez não ache da ventura um veio.