E não pôde negar ser meu parente!

MOTE


E não pôde negar ser meu parente!

SONETO


Sou nobre, e de linhagem sublimada,
Descendo, em linha recta dos Pegados,
Cuja lança feroz desbaratados
Fez tremer os guerreiros da Cruzada!

Minha mãi, que é de prôa alcantilada,
Vem da raça dos Reis mais affamados;
— Blasonava entre um bando de pasmados
Certo parvo de casta amorenada.

Eis que brada um peralta retumbante:
“— Teu avô, que de cor era latente,
“Teve um neto mulato e mui pedante!”

Irrita-se o fidalgo qual demente,
Trescala a vil catinga nauseante,
E não pôde negar ser meu parente!