Á ANGELINA.
Eu quizera dizer-te, meu anjo,
Quanto és por minh'alma adorada;
Eu quizera mostrar-te que trago
Tua imagem no peito gravada.
Eu quizera, que a sabia natura
Seus primores p’ra ti reservasse;
Eu quizera, que o Deus de bondade
De mil ditas teus dias c’roasse.
Eu quizera, de todo o universo
Sobre o throno melhor te assentar;
Eu, emfim, desejára ser homem
E poético amor te offertar.
Só em ti, enlevado, veria
O meu vóto mais cáro cumprido;
Quando um’alma, que a minha entendesse,
Ao Eterno eu houvesse pedido.
Tu então realisáras, meu anjo,
Meu querido ideal amoroso ;
Tu me déras do céu as delícias;
Eu seria o mortal mais ditoso.
31 de Dezembro de 1849.