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Eu tenho um pajem mui fiel
Que me cuida e que me grunhe
E ao sair, limpa e brune
Minha coroa de laurel.[2]
Eu tenho um pajem exemplar
Que não come, que não dorme,
E se enrola como verme
Trabalhar, e soluçar
Saio e o vil se falha
E no meu bolso aparece,
Volto, e o teimoso me oferece
Uma taça de borralha.[3]
Se durmo, ao raiar do dia
Se senta junto a minha cama;
Se escrevo, sangue derrama
Meu pajem na escrivania.[4]
Meu pajem, homem de respeito.
É tagarela andarilho
É frio meu pajem, tem brilho;
Meu pajem é um esqueleto.
Notas
editar- ↑ Para essa tradução não se obedeceu à métrica original, optando-se pelo sentido e lirismo da obra.
- ↑ Em português o termo soa redundante, já que laurel já uma coroa de louros; manteve-se como no original, a fim de preservar o ritmo
- ↑ Borralha = cinza
- ↑ Neste sentido: Peça de metal, de vidro ou de madeira composta pelo tinteiro, pena, buvar e outros itens para escrever.