Encarnação (Cruz e Sousa, 1893)



Carnaes, sejam carnaes tantos desejos,
Carnaes, sejam carnaes tantos anceios,
Palpitações e frémitos e enleios,
Das harpas da emoção tantos harpejos...

Sonhos, que vão, por tremulos adejos,
Á noite, ao luar, entumescer os seios
Lacteos, de finos e azulados veios
De virgindade, de pudôr, de pejos...


Sejam carnaes todos os sonhos brumos
De estranhos, vagos, estrellados rumos
Onde as Visões do amor dórmem geladas...

Sonhos, palpitações, desejos e ancias
Fórmem, com claridades e fragrancias,
A encarnação das lividas Amadas !