Encontrei certo Leigo franciscano,
Com os olhos no chão, pedindo esmola;
Dos hombros lhe pendia alva sacola,
Celeiro, que dá pão p′ra todo o anno:
Queria o leigo armar-me um bello engano,
E fazer-me cahir na carriola;
Mas eu que sigo esta moderna escóla,
Só chicóte daria ao tal magano:
Como é possivel que a nação contente
Mantenha ufana, e liberal soccorra
A tão inútil e ociosa gente?
Elles tem que comer á tripa-forra;
Eu, por mais que trabalhe, ando indigente.
Se o torno a encontrar, dou-lhe co′a porra!