A M.
Santificou-te a tua vida inteira
Co´uma lágrima doce e cristalina:
Sinto que a tua sepultura cheira
A quanto vem dessa mulher divina.
Deu-te tudo na hora derradeira,
O que alma pede, quer, busca, imagina:
O perfume das rosas da balseira,
Regadas pela mão que nos fascina.
Ai! invejei-te! — E que fazer? se é belo
Saber que os duros golpes do martelo,
Dados sobre o caixão que o morto encerra,
Não enchem só dos ecos seus a cova,
E que a vida nos fica, e se renova
Na mágoa dos que amamos sobre a terra!