Através do Brasil/XV: diferenças entre revisões

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A conversa continuou. Juvêncio começou a falar das cousas e das gentes do sertão, dos animais, das pessoas que nele vivem. Contou os costumes dos sertanejos, que vivem à custa das roças que cultivam e do gado que criam:
 
- A terra é muito rica, e nunca nega o sustento a quem sabe tratá-la: dá o milho, o feijão, a mandioca, o algodão, o fumo, a cana; e, além de alimentar os homens, ainda alimenta os bois, os carneiros, as cabras, os cavalos que, bem tratados, são para o criador uma verdadeira fortuna. No tempo das chuvas, há uma fartura geral: o gado engorda, as vacas dão muito leite, com que se fabricam queijos e requeijões. Mas no verão, na época das secas, quando se passam comumente seis ea oito meses sem um pingo de chuva, os campos mirram, as plantações morrem, os pastos ficam torrados, os rios e as fontes secam, o gado em grande parte morre de fome e sede, e até os homens, para não morrer, andam, às vezes léguas e léguas, em busca de água. Quando a seca dura muito, há muita gente que morre, quando não emigra em tempo para outros lugares menos assolados pelo rigor do verão. Apesar de tudo isso, a gente toda, que aqui nasce, ama loucamente o seu sertão, e suporta com paciência e coragem esses reveses.
 
- É uma boa gente, não é, Juvêncio?