Refutação de todas as heresias/I/II: diferenças entre revisões

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Mas também havia, não muitotendo distanteum destesgrande temposintervalo de tempo, outro filósofo, deque quemensinou Pitágoras aprendeu (deque quemprovavelmente dizem serera nativo de Samos), que era denominado Italiano, porque Pitágoras, fugindo de Polícrates, rei de Samos, construiu uma residência numa cidade da Itália, e ficou lá duranteaté seus últimos anos. E aqueleaqueles que receberam em seqüência as suas doutrinas, não diferiramensinaram danada mesmade opiniãodiferente. E essa pessoa, instituindoestabelecendo uma investigação sobre os fenômenos naturais<ref>Ou “natureza dos”.</ref>, combinandocombinou astronomia, geometria, e música<ref>“E aritmética” (adição de Roeper).</ref>. E então ele proclamou que a deidade era uma mônade; e cuidadosamente se familiarizando com a natureza dos números, ele afirmou que asa cançõesmúsica doem mundogeral, e que suas correspondentes harmonias, ele resolveupode primeiramenteachar uma solução para o movimento das sete estrelas com ritmo e melodia. E ficando chocado com a condutaprecisão da estrutura, ele requeriuordenou silêncio deque seus discípulos fizessem um pacto de silêncio, e fossemque ensinassem ditosapenas a pessoas sendo inciadasiniciadas (nos (segredos) do) universo; após isso, quando parecia que eles estavam suficientemente familiarizados com seuo modo de ensinar sua doutrina, então, considerando-os puros, ele os incentiva a falardiscutirem. Esse homem distribuiu seus alunos em duas ordens, e chamou uma de Esotérica e a outra de Exotérica. E para os primeiros deuensinou doutrinas mais avançadas, e para os últimos uma quantidade mais moderada de instrução.
 
E ele também<ref>Ou, “e ele primeiramente”.</ref> tinha em mente ao estudo da magia – como eles dizem – e ele mesmo descobriu uma arte de fisiogonia<ref>Ou “fisiognomia”.</ref>, formulando como base certos números e medidas, dizendo que eles consistiam do princípio da filosofia aritmética pela composição destae maneiraafins. O primeiro número se tornou um princípio de criação, original, o qual é indefinível, incompreensível, tendo em si mesmo todos os números que, de acordo com a pluralidade, pode ir adaté infinitumo infinito. Mas a mônade primária se tornou umo princípio de números, de acordo com a substância<ref>Ou “em conformidade com sua hipótese”.</ref>, “que- que é a mônade masculina, originando de certa forma como um pai para todo oos restonúmeros. dosO números”.segundo Segundo,número é a dualidade, e é um número feminino, e o mesmo é também designadochamado pelos aritméticos como “par”. Terceiro,O terceiro é a tríade, e é um número masculino. IssoFoi também foi classificado pelos aritméticos como “ímpar”. Assim, todos os números que foram derivados do gênero são quatro; mas o número de gênero indefinido, do qual era constituído, de acordo com eles, era o número perfeito<ref>Ou “terceiro”.</ref>, a saber, a década. Por que um, dois, três, quatro se tornam dez, se esta denominaçãoforma próprioprópria seja preservada essencialmente por cada um dos números. Pitágoras afirmou que esse seja uma quaternidade sagrada, fonte de toda natureza perpétua<ref>Ou “uma natureza perpétua” ou “ tendo as raízes de uma natureza perpétua em si mesmo”, as palavras “tendo assim” foram omitidas de alguns manuscritos.</ref>, tendo assim raízes em si mesmo; e que desse número, todos os outros receberam o princípio originalcriativo. ParaPorque o onze, o doze e o resto compartilham deem sua origem de existência<ref>Ou “produção”.</ref> doo dez. DestaDa década, o número perfeito, há quatro divisões – número, mônade<ref>Deve ser provavelmente, “mônade, número”. A mônade foi com que Pitágoras, e com Leibnitz imitando, a mais alta generalização do número, e um conceito de abstração, proporcional com o que chamamos de essência, que é matéria do espírito.</ref>, quadrado e cubo. E as conexões e combinações destes são efetuadas, de acordo com a natureza, para a geração de crescimento, completando o número produtivo. Porque quando o quadrado é multiplicado<ref>''Kobisqh''Κοβισθῂ deve ser traduzido no texto como “multiplicado”. A fórmula é auto-evidente: (aX2)2=a4, (aX2)3=a6. (aX3)3=a9.</ref> por si mesmo, um biquadrático é o resultado. Mas quando o quadrado é multiplicado pelo cubo, o produto de dois cubos é o resultado. Então todos os números que são a produção de (números) existentes são sete – número, mônade, quadrado, cubo, biquadrado, cubo quadrático, cubo-cubo.
 
Este filósofo também disse igualmenteensinou que as almas eram imortais, e que subsistem em corpos sucessivos corpos. Por esse motivo ele asseverou que, antes da era troiana, ele era Etálides<ref>Ou Tális, Etálides, um filho de Hermes, foi arauto dos Argonautas, e é dito que nunca se esqueceu de nada. Desta forma sua alma lembrou-se de suas sucessivas migrações nos corpos de Eufórbio, Hermótimo, Pirro e Pitágoras (ver ''Vidas'', de Diógenes, livro VIII, cap. I, séc. IV).</ref> e, durante a era troiana, Eufórbio, e após a era troiana, Hermótimo de Samos, e depois Pirro de Delos, e, em quintoenfim, Pitágoras. E Diodoro, o Eritreu<ref>Nenhum nome ocorre mais freqüentemente nos anais da literatura grega do que Diodoro. Um, porém, como o título de “Eritreu”, até onde o tradutor conheça, é mencionado apenas por Hipólito; então é provável que outro Diodoro seja adicionado à longa lista já existente. Pode ser que este Diodoro seja Diodoro Crotiniate, um filósofo pitagoreano. Ver em ''Biblioth. Grac.'', lib ii. cap. iii., lib. iii. cap. xxxi., de Fabrício; também ''Annotations'', p. 20, e ''Chalcidius' Commentary on Plato's Timaeus'' de Meúrsio. O artigo em ''Smith's Dictionary'' é um transcrito destes.</ref> e Aristóxeno, o músico<ref>Aristóxeno é mencionado por Cícero em ''Tusculan Questions'', livro I, cap I.XVIII, como tendo falado sobre psicologia, que muitos sugerem, nos tempos modernos, em David Hartley, e sua hipótese de que a sensação é resultado vibrações nervais. Cícero diz de Aristóxeno “que ele era tão encantado com suas próprias harmonias, que ele procurou transferi-las em investigações a respeito da nossa natureza corpórea e espiritual”.</ref>, declararamafirmam que Pitágoras visitou Zaratas<ref>Zaratas é outra forma para [[w:Zoroastro|Zoroastro]].</ref>, o Caldeu, que explicou a ele que haviamexistiam duas causas originais de tudo, “pai”Pai e “mãe”Mãe, e que “pai”Pai era a luz e “mãe”Mãe eraeram as trevas; e que asos partescomponentes da luz eram Quente, Seco, Leve e Rápido; e que as partesos das trevas eram Frio, Úmido, Pesado e Lento; e o mundo consiste de todos estes, masculino e feminino. Mas o mundo, diz ele, consiste de uma harmonia musical<ref>Ou “é uma natureza de acordo com a harmonia musical” ou “o sistema cósmico é uma natureza e uma harmonia musical”.</ref>; por isso, também, o sol efetua uma volta de acordo com a harmonia. Enquanto consideraconsideram que as coisas são produzidascriadas da terra e do sistema cósmico, afirmam que Zaratas<ref>Zaras, ou Zoroastro, é empregado como uma denominação genérica para filósofos orientais, que, para quaisquer porções da Ásia (isto é, o Oriente Próximo) que eles habitem, designam sistemas especulativos parecidos com o de Zoroastro. Não menos do que seis pessoas possuem esse nome e foram registradas. Amóbio (''Contr. Gentes'', I, 52) menciona, um caldeu, um bactriano, um panfiliano e um armênio. Plínio menciona um quinto, da narrativa de Procuneso (''Nat. Hist.'' XXX, 1), enquanto que Apuléio (''Florida'' II, 15), um sexto Zoroastro nativo da Babilônia e contemporâneo de Pitágoras, evidentemente o aludido por Hipólito (ver ''Treatise on Metaphysics'', cap. II). </ref> faz as seguinteseguintes afirmações: que há dois demônios, um celestial e outro terrestre; e que o terrestre envia um produto da terra que é a água; e que o celestial é um fogo, compartilhando a natureza do ar, frio<ref>Ou “que era frio e quente” ou “calor de umidade”.</ref> e quente. Portanto ele afirma que nenhum destes destrói ou manchadan a alma, porque eles constituem a substância de todas as coisas. E Pitágoras comunicaensinou a seus discípulos para não comer feijões, porque Zaratas disse que, na origem e concretizaçãoformação de todas as coisas, quando a terra estava em seu processo de solidificação<ref>Ou pode ser traduzido como “processo de arranjamento”. O abade Cruice (em sua edição de Hipólito, 1860, Paris), sugere uma leitura diferente, traduzindo assim: “quanto a Terra era irreconhecível e de massa sólida”.</ref>, e quando a putrefação começou, o feijão foi produzido<ref>Ver [[Refutação de todas as heresias/VI/XXII|Livro VI, cap XXII e notas]]. Mas Clemente dá outra explicação.</ref>criado. E ele menciona ao indicaçãoseguinte demotivo, que se alguém, após mastigar um feijão sem a casca, colocar-se no lado oposto ao sol por um certo período – porque isso certamente ajudará no resultado – ficará com cheiro de sementes humanas. E ele menciona umoutro exemplo mais claro: se, quando o feijão está florescendo, se pegarmos o feijão e sua flor e colocar num vaso, cobrir a tampa, enterrar, e após alguns dias desenterrar, veremos a aparência das partes pudendas de uma mulher e, se vir dever mais perto, a aparência de cabeça de uma criança crescendo. Esta pessoa, Pitágoras pereceu em Cróton, na Itália, sendonum queimadaincêndio, junto com seus discípulos. ParaEra habitual que, para se tornar um discípulo, o candidato deveria vendervendesse suas posses, e depositardepositasse o dinheiro selado com Pitágoras e se submeter em silêncio à instrução de Pitágoras de três a cinco anos. E novamente, ao completar a instrução, era-lhe permitido se associar com oos restooutros, e tomar refeições com eles; se, do contrário, ele recebesse seu dinheiro de volta, era rejeitado como discípulo. Essas pessoas, então, eram chamadas de Pitagoreanos Esotéricos, enquanto que o resto, eram Pitagóritas.
 
Entre os seus seguidores que escaparam da conflagração, estavam Lísias e Arquipo, e o seu servo, ZaniolxisZalmoxis<ref>Ou "Zametus".</ref>, que dizempode ter ensinado os druidas celtas a cultivarpreservar a filosofia de Pitágoras. E eles asseveram que Pitágoras aprendeu dos egípcios seu sistema de números e medidas; e euao estandoficar chocado pelacom a sabedoria plausívelrazoável, fantástica, e nãodificultosa facilmenteensinada revelada dospelos sacerdotes, ele mesmo, Pitágoras, imitandoimitava os sacerdotes, gostava de silêncio e fez seus discípulos viverem solitariamente em santuários<ref>Ou “levando-os a viver em celas” , etc., ou “fez seus discípulos observarem em silêncio”, etc.</ref> subterrâneos.
 
==Notas==
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[[Categoria:Refutação de todas as heresias]]
[[en:Ante-Nicene Fathers/Volume V/Hippolytus/The Refutation of All Heresies/Book I/Part 4]]