Se contra minha sorte enfim pelejo,
Que quereis, esperança magoada?
Se não vejo de Anarda o bem que agrada,
Não procureis o bem do que não vejo.

Quando frustrar-se o logro vos prevejo,
Sempre a ventura espero dilatada;
Não vejo o bem, não vejo a glória amada,
Mas que muito, se é cego o meu desejo?

Enfermais do temor, e não se alcança
O que sem cura quer vossa loucura;
E morrereis de vossa confiança.

Esperança não sois, porém se apura,
Que só nisto sereis certa esperança:
Em ser falsa esperança da ventura.