- Estou tonto,
- Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar,
- Ou de ambas as coisas.
- O que sei é que estou tonto
- E não sei bem se me devo levantar da cadeira
- Ou como me levantar dela.
- Fiquemos nisto: estou tonto.
- Afinal
- Que vida fiz eu da vida?
- Nada.
- Tudo interstícios,
- Tudo aproximações,
- Tudo função do irregular e do absurdo,
- Tudo nada.
- É por isso que estou tonto ...
- Agora
- Todas as manhãs me levanto
- Tonto ...
- Sim, verdadeiramente tonto...
- Sem saber em mim e meu nome,
- Sem saber onde estou,
- Sem saber o que fui,
- Sem saber nada.
- Mas se isto é assim, é assim.
- Deixo-me estar na cadeira,
- Estou tonto.
- Bem, estou tonto.
- Fico sentado
- E tonto,
- Sim, tonto,
- Tonto...
- Tonto.