Viverei! Nos meus dias descontentes,
Não sofro só por mim... Sofro, a sangrar,
Todo o infinito universal pesar,
A tristeza das cousas e dos entes.

Alheios prantos, em cachões ardentes,
Vêm ao meu coração e ao meu olhar:
- Tal, num estuário imenso, acolhe o mar
Todas as águas vivas das vertentes.

Morre o infeliz, que unicamente encerra
A própria dor, estrangulada em si...
Mas vive a Vida que em meus versos erra;

Vive o consolo que deixei aqui;
Vive a piedade que espalhei na terra...
Assim, não morrerei, porque sofri!