Corpo crivado de sangrentas chagas,
Que atravéssas o mundo soluçando,
Que as carnes vaes ferindo e vaes rasgando
Do fundo d'Illusões velhas e vagas;
5Grande isolado das terrestres plagas,
Que vives as Esphéras contemplando,
Braços erguidos, olhos no ar, olhando
A ethérea chamma das conquistas magas;
Se é de silencio e sombra passageira,
10De cinza, desengano e de poeira
Este mundo feroz que te condemna;
Embóra anciosamente, amargamente
Revélla tudo o que tu'alma sente,
Para ella então poder ficar serena!