FABULA LXXV.


A Raposa e o Leão.

Fingindo-se o Leão enfermo, visitavão-o os outros animaes; e de quantos entravão na cova, nenhum deixava sahir. Elles obedecião como a Rei; mas o Leão a hum e hum os comia todos. Por derradeiro chegou a Raposa á porta da cova, e perguntou-lhe como estava? Respondeo o Leão, porque não entrava a vêlo? Respondeo a Raposa que não era necessario, que devia estar a casa cheia de gente, que ella via muitas pegadas dos que entravão, e nenhuma dos que sahissem para fóra.


MORALIDADE.


Tambem Horacio explicou esta Fabula, comparando-se a si mesmo com a Raposa, dizendo que não queria seguir os vicios dos Romanos, porque vio como nenhum escapava do castigo. Serve-nos logo de aviso, que pois vemos por experiencia os males sem remedio em que dão os homens estragados, que perseverão em seus erros, fujamos nós, como fazia esta Raposa, de seguir suas pegadas, não nos aconteça outro tanto.