Fausto (traduzido por António Feliciano de Castilho)/Quadro VII

Vasta caverna de Feiticeira. Ao fundo, uma porta baixa e informe. Do lado esquerdo, uma lareira térrea; por cima dela uma espaçosa chaminé. Na lareira, assente numa trempe, um grande caldeirão*. Na fumarada que dele sai, vão vislumbrando varias figuras. Espalhadas pela caverna tripeças, e uma canastra com diversos objectos, entre os quais um copo de dados, archotes, uma bola, uma coroa, um cartapácio encadernado de preto com broches de ferro. Pelas paredes sem reboco e afumadas, pendem desordenadamente vasilhas de mil formas, uma peneira, um espelho, uma vara, um abano de cauda. Uma cantareira com garrafas e copos.

Cena I

editar

Ao pé do caldeirão, e a escumá-lo, com sentido que não deite por fora, está sentada uma CERCOPITECA (macaca muito grande, de rabo comprido). O CERCOPITECO (o macho) está sentado, com os filhinhos ao pé, a aquecer-se. FAUSTO, MEFISTÓFELES.

FAUSTO (a Mefistófeles)
Este sarapatel de nigromâncias
faz-me nojo, declaro. E projectava
este diabo restaurar-me a vida
em tão vil charco de hediondezes fúteis!
Aconselhem-se lá co’uma carcassa!
Ou tenham fé que possam burundangas
duma cozinha assim descarregar-me
trinta anos do cachaço. A não saberes
receita que mais valha, estou servido.
Pois dar-se-á que não tenha a natureza
algum bálsamo seu, já descoberto
por algum alto engenho?

MEFISTÓFELES
Aí ’stão palavras
que mostram não ser parvo o nosso amigo.
Sim senhor; sem sair da natureza
há também com que um homem se remoce.
Vem isso noutra obra; e bem curioso
que ele é, o tal capítulo.

FAUSTO
Declara-o!

MEFISTÓFELES
Guapa receita. E curativo grátis,
sem precisar Doutor, nem feiticeira.
Ponha-se fora; vá-se aos campos; are;
cave; enclausure-se, alma e corpo, em solo
dadivoso mas parco; esteie a vida
com frugal passadio; aprenda e exerça
co’os seus brutinhos o viver nativo;
não julgue desairar-se, em repartindo
por suas mãos o adubo ao chão que o nutre.
Fie-se em mim: se há coisa que descargue
de oitenta anos, é isto.

FAUSTO
Agora é tarde
para me acostumar. Nunca até hoje
peguei num alvião. Para o meu génio
esse viver obscuro era insofrível.

MEFISTÓFELES
Então, é recorrer à feiticeira.

FAUSTO
Mas porque há-de ser logo a preferida
a tal mondonga velha? Não podias
preparar-me tu próprio a beberagem?

MEFISTÓFELES
Belo divertimento! Eu preferia
gastar o tempo em construir mil pontes.
Para arranjar os filtros desta casta
quer-se, além do saber, paciência e muita,
e atenção de anos largos; só co’o tempo
é que se alcança o fermentar completo
do líquido eficaz. Pois a quantia
d’ingredientes raríssimos! É certo
que o diabo é quem os sabe, e ensina tudo;
mas lá para os estar manipulando
é que não tem pachorra.

(Reparando nos animais)

Olhe a gracinha
do casal que ali está! São a criada
e o servo cá da casa.

(Aos animais)

Olá! já vejo
que a velhusca, vossa ama, anda por fora.

OS ANIMAIS
Eh eh eh eh!
Ao fricassé!
Foi pelo cano
da chaminé.

MEFISTÓFELES
Gasta lá nessas frescatas
muito tempo a feiticeira?


OS ANIMAIS
O tempo em que na lareira
nós aquecemos as patas.

MEFISTÓFELES (a Fausto)
Que tais acha estes nossos bicharecos?

FAUSTO
Ai! de apetite! Nunca os vi mais feios.

MEFISTÓFELES
E eu então o meu gosto é conversá-los.

(Aos animais)

Dizei, bonecos danados,
que tendes no caldeirão,
que estais tão azafamados
a mexer co’o colherão?

OS ANIMAIS
Pois não vês? esta iguaria
são as sopas dos mendigos.

MEFISTÓFELES
Nesse caso, meus amigos,
tereis muita freguesia.

O CERCOPITECO (tira da canastra o copo dos dados, e vai-se chegando a MEFISTÓFELES fazendo-lhe muitas festas)

Joguemos aos dados!
Meu rico parceiro,
não tenho dinheiro,
fazei-mo ganhar.
Ser pobre é ser parvo.
Espírito nobre,
salvai-me de pobre,
salvai-me de alvar.

MEFISTÓFELES
Este cercopiteco endoidecia,
se pudesse ganhar na loteria.

(Nestes entrementes, andam os cercopitequinhos a brincar com uma grande bola que tiraram da canastra, e vão rolando diante de si.)

O CERCOPITECO
Tal é o mundo!
Rolar, correr,
subir, descer.
Vidro rotundo
sonoro e ouco,
a pouco e pouco
fendas a abrir.
Aqui brilhante;
lá coruscante;
sempre cambiante,
sempre a fugir.
Fala-te um ente,
qual tu vivente,
qual tu mortal.
Evita, amigo,
esse inimigo
mundo fatal.
Crê-lo maciço,
e é quebradiço
como cristal.

MEFISTÓFELES
Que faz aqui esta peneira?
Tem algum préstimo?

O CERCOPITECO (tirando a peneira do prego)
Pois não?
Mostra a verdade nua e inteira.
Supõe que fosses um ladrão,
cara de santo e fala arteira,
logo eu te via a maganeira,
em observando o teu carão
pela peneira!

(Corre para a fêmea, a quem obriga a olhar para Mefistófeles, através da peneira)

Toma a luneta, companheira,
observa, observa o figurão.
Reconheceste-lo à primeira.
Declara o nome do ladrão!
Viva a peneira!


MEFISTÓFELES (aproximando-se do lume)
E este pote?

OS CERCOPITECOS (macho e fêmea)
Fora zote,
burro, estúpido, asneirão.
Não vês que é um caldeirão?
Chama a um caldeirão um pote!

MEFISTÓFELES
Bruta corja!

O CERCOPITECO (levanta arrebatadamente do chão um abano de rabo e mete-o na mão de Mefistófeles)

O quê! Depressa!
Toma o rabo deste abano!
Assenta-te na tripeça,
e esperta a fogueira, mano!

(Obriga Mefistófeles a sentar-se numa das tripeças, fazendo do abano ventarola)

FAUSTO (que durante todo este tempo, estivera parado defronte de um espelho, ora aproximando-se, ora recuando)

Oh mago espelho! que divina imagem!
Asas, asas, Amor! conduz-me a ela!
Se me acerco, recua, e mal a avisto
sombra de sombra esmorecida em névoa.
Tais graças feminis, dar-se-á que existam?
Estarei vendo neste esbelto corpo
das delícias dos céus a quinta essência?
Cabe ao mundo um tal dom?

MEFISTÓFELES
Naturalmente.
Quando lida na obra um Deus seis dias,
ao sétimo a contempla, e exclama: Bravo!
De ver está que executou portento
de costa acima. Farte os olhos, farte!
Deixe-me furoar que tarde ou cedo
lhe hei-de desencantar esse tesoiro.
Feliz quem no obtiver.

(Continua Fausto a olhar para o espelho. Mefistófeles espreguiçando-se na tripeça, e brincando
com o abano, continua a falar.)

Que belo assento,
em que eu me estou aqui repetenando!
Nem rei no trono. Empunho um ceptro. Resta
vir a coroa radiar-me a testa.

OS ANIMAIS (que até aqui tem estado, uns com os outros, fazendo trejeitos e momices, trazem da canastra a Mefistófeles uma coroa, com grande algazarra)

Tome-a lá! Grude-a a si bem grudada,
com suores e sangue, oh Senhor!

(Ao brincarem à doida, deixam cair a coroa, que se parte em pedaços. Apanham-nos e atiram-nos por joguete uns aos outros.)

Ih! Quebrou-se a coroa sagrada!
Viva a turba! Acabou-se o temor.
Galrar já podemos,
de ventas no ar.
As zangas que temos,
até poderemos,
querendo, rimar.

FAUSTO (sem se apartar do espelho)
Ui que sanzala! Esvaem-me o juízo!

MEFISTÓFELES
Se até eu tenho a bola à roda, à roda!

OS ANIMAIS
E se a coisa desta feita
vinga e dá seu resultado,
das ideias a colheita
torna o mundo afortunado.

FAUSTO (como acima)
Já me arde o coração. Presto, fujamos!

MEFISTÓFELES
Já se vê pelo menos que estes mecos
tem para a poesia embocadura.

(Como a macaca tinha largado o caldeirão, começa este a entornar-se, ocasionando grande
labareda que sobe pela chaminé. Pelo meio dessa labareda, desce a Feiticeira vozeando.)

Cena II

editar

A FEITICEIRA e os MESMOS

FEITICEIRA
Ão, ão, ão, ão!
Maldita mona,
que me entornaste
o caldeirão,
e a vossa dona
incendiaste!
Maldita! ão, ão!

(Repara em Fausto e Mefistófeles)

Que temos? Vós quem sois? Quem teve o atrevimento
de vos deixar entrar? qual era o vosso intento?
Por entrardes sem vénia e a furto aos lares nossos,
má fogo que vos queime, e vos derreta os ossos!

(Mete o colherão na caldeira; tira-o cheio; sacode o líquido, que vai cair, convertido em chamas, sobre Fausto, Mefistófeles e os animais. Os bichos lançam grandes guinchos)

MEFISTÓFELES (levantando-se a súbitas, revira o abano com o cabo para fora, e começa a malhar com ele na caldeira, e em tudo que vê diante)

Ah! tu brincas? Pois eu faço
à tua solfa o meu compasso,
múmia ascosa. Na fogueira
vaso as sopas. A caldeira
ela aí vai tornada estilhas;
e atrás dela estas vasilhas...
Nada inteiro há-de ficar.

(A Feiticeira tem ido retrocedendo, cheia de terror)

Monstro! horror! arcaboiço! Olá! Não reconheces
o teu amo e senhor? Ínfima das refeces,
queres-te opor a mim? Não sei que me tem mão
que vos não leve a pau, desfeitas, de rondão,
tu, e toda a relé da tua bicharia.
Pois já esta demente acaso esqueceria
este cocar de galo? a cor de grã que eu visto?
até o meu semblante? Ainda, após tudo isto,
para saber quem sou precisa que lhe ponha
claro, eu próprio, o meu nome, a biltre sem vergonha!

A FEITICEIRA
Confesso, Grão Senhor, que foi mal recebido.
Vossa alteza perdoe;... mas tinha-lhe esquecido
o pezinho cabrum e o par de corvos*.

MEFISTÓFELES
Bem.
Por esta inda te passo.

(A Fausto)

Ele havia também
já tantíssimo tempo, a dizer a verdade,
que me não tinha visto!... A lei da humanidade
também se estende a nós: Le monde marche. Um vento
que se chama O Progresso, ora rijo, ora lento
mas constante, que varre e leva a quanto existe,
também por cá chegou. Foi-se o fantasma triste
do nevoento Norte. Onde há já ’í diabo,
que use chavelhos, garra ou pé de cabra e rabo?
Ora eu enquanto ao pé, - membro que não dispenso,
por ser quem me carreia em basta gente assenso -
quanto ao pé, anos há que uso ao disfarce botas,
como usam panturrilha os magrizéis janotas.

A FEITICEIRA (cantando e dançando)
Não caibo em mim d’alegria
por ver meu Dom Santanás
nesta minha cova fria,
tal como outrora soía,
lá quando eu era algum dia
menos velha, e ele rapaz.
Viva o meu Dom Santanás!

MEFISTÓFELES
Vedo que nunca mais tal nome se me dê.

A FEITICEIRA
Pois que mal lhe fez ele? explique-se: porquê?

MEFISTÓFELES
Nome é que anda há já muito entre outros mil escritos
no volumoso rol das fábulas e mitos.

(A Fausto)

Coisas da espécie humana: o génio mau proscrevem
e ficam-se co’os maus; a esses não se atrevem.

(À Feiticeira)

Chama-me se te apraz «Barão!» «Senhor Barão!»
Não há mais que dizer. Fico um fidalgarrão
como os do sangue azul. Quanto eu sou nobre, escuso
encarecer-to; e aí vão as armas do meu uso!

(Faz certo accionado.)

A FEITICEIRA (rindo a bandeiras despregadas)
Ah ah ah ah!
Ih ih ih ih!
Nunca vi, não há,
não há, nunca vi
brejeiro maior!
Bargante, bargante!
Em moço, tunante;
em velho, pior!

MEFISTÓFELES (a Fausto)
Repare, meu amigo e aprenda! Esta a maneira
como deve tratar co’a súcia feiticeira.

A FEITICEIRA
Que desejam agora estes senhores?

MEFISTÓFELES
Mando
que nos tragas já já um copo trasbordando
da sabida mistela, e quanto mais anosa
a tiveres, melhor, mais eficaz.

A FEITICEIRA
Gostosa
obedeço já já.

(Tira uma garrafa e um copo da cantareira)

Nesta garrafa tenho
com que dar ao seu mando óptimo desempenho.
Desta é que eu muita vez mato o bicho. Fortum
nem por onde ele passe. Um copo! e mais do que um
se quiser, essa é boa!

(Baixo a Mefistófeles)

Olhe que o sujeitinho,
se traga aquilo assim como quem bebe vinho,
sem se ter preparado, estoira antes de um’hora,
bem sabe.

MEFISTÓFELES (baixo à Feiticeira)
O teu receio é mal cabido agora.
Eu sou amigo dele e não lhe quero a morte.
Podes-lhe dar sem medo o que haja de mais forte
no teu laboratório. A l’obra, presto, a l’obra!
Risca-me nesse chão o círculo da cobra.
Reza lá o conjuro, e dá-lhe um copo cheio.

(A Feiticeira com solenes ademães, risca um círculo e põe-lhe dentro coisas esquisitas. Para logo principiam os utensis e os copos a traquinar, com certa afinação. Traz afinal um cartapácio. Mete no círculo os cercopitecos. Um deles fica a servir-lhe de estante. Os outros archotes tirados da canastra, e que per si se acenderam simultaneamente. A Feiticeira acena a Fausto, que se lhe acerque)

FAUSTO (a Mefistófeles)
Mas tudo isso a que vem? Patranhas vãs! Descreio
de quanto vejo aqui: visagens estudadas,
imposturas sem sal, tontices, meros nadas.
Sei tudo isso de cor; tenho-lhe nojo.

MEFISTÓFELES,
Asneira!
É forte bravejar contra uma brincadeira!
Pois não vês que a mulher não faz em tudo aquilo
senão seguir à risca o medical estilo?
para que te aproveite e preste a beberagem,
põe muito palavrão, muitíssima visagem.

A FEITICEIRA (empurra Fausto para dentro do círculo; e põe-se a ler no livro, declamando com grande ênfase)
Agora me explico,
Do um, dez fareis;
o dois deixareis;
o três uguareis;
e já sondes rico.
Lançar quatro fora.
Dos cinco e dos seis,
sete e oito fareis.
São estas as leis,
e andai-vos embora.
E os nove são um;
e os dez são nenhum.
E tenho acabada,
segundo cumpria,
toda a tabuada
da feitiçaria.

FAUSTO (a Mefistófeles)
Ela estará com febre? A modo que extravaga.

MEFISTÓFELES
Ai! de pouco se admira. Inda por ora a saga
do intróito não passou; e todo o calhamaço
vai no mesmo teor. Eu já o li de espaço;
por sinal que até fiz sobre o seu conteúdo
o estudo mais cabal, mais sério, mais miúdo,
do que vim a inferir o que lhe exponho franco:
no que é contraditório, o sábio fica em branco,
assim como o ignorante. Esta arte, meu amigo,
é velha e nova; há nela, a par do imenso antigo,
algo também moderno. Inda não houve idade,
que, a bem de traficar co’a pobre humanidade,
não andasse a espalhar, com rara impavidez,
erros de três por um, ou erros de um por três.
Onde havia ensinar-se o claro, o verdadeiro,
mentiu-se adrede ao vulgo estólido e crendeiro.
Contra a superstição e audácia, era preciso
combater e suar; e a gente de juízo
preferiu sempre a tudo um bom viver pacato.
Nos mortais em geral dá-se um pendor inato
para absorverem crença. Era melhor primeiro
pensar, e crer depois; crer só no verdadeiro.

A FEITICEIRA (continuando)
A potência da ciência
que anda oculta em névoa escura,
só revela a sua essência
ao mortal que a não procura.


FAUSTO
Que absurdo nos diz ela? A tantos disparates
já se me oira a cabeça; oitenta mil orates
não doidejavam mais.

MEFISTÓFELES
Nobre sibila, basta!
Venha o copo e bem cheio. Um homem desta casta,
um famoso Doutor em tanta faculdade,
pode beber sem risco e sem dificuldade.
Mal imaginas tu que tragos de alto engodo
ele já tem provado.

(Notando em Fausto alguma hesitação, continua.)

Abaixo! abaixo! Todo!
Animo! escorripicha! E tu verás em breve
como esse coração bate contente e leve.
Ora gosto de ti! Convives co’o demónio
tu cá, tu lá, e agora estás como um bolónio
com medo a um fogachinho!

(Fausto acaba de beber resolutamente o copo apesar de saírem dele pequenas chamas.)

(A Feiticeira desfaz o círculo. Fausto sai dele.)

Estás liberto. Agora,
exercício que farte.

A FEITICEIRA
Em muito boa hora
que tomasse o meu filtro.

MEFISTÓFELES (à Feiticeira)
E tu, se me quiseres
alguma coisa, velha, é bom que lá me esperes
na Valburga esta noite.

A FEITICEIRA (a Fausto)
Aprenda outra cantiga
antes de se ir embora; e é dadiva de amiga.
Toda a vez que a entoar, há-de sentir no peito
um certo não lho digo; enfim um certo efeito

(Fausto dá-lhe costas enjoado, com ar desprezativo)

MEFISTÓFELES (a Fausto)
Vem comigo, eu te guio. Afim de que a poção
no interior e por fora opere a sua acção,
não há que estar à espera; é necessário e urgente
medir terra, correr, suar copiosamente.
Depois te ensinarei como se logra a vida
no suave far niente em flores envolvida,
e como o deus de amor brinca, borboleteia,
e oferta aos lábios mel pela áurea taça cheia.

FAUSTO (querendo tornar-se ao espelho)
Deixem-me inda uma vez mirar nesse brilhante
venturoso cristal a que é sem semelhante,
da graça o non plus ultra.

MEFISTÓFELESÀ fé, que a imagem dela
era de todo o ponto e em todo o extremo bela;
mas que não dirás tu, em vendo o original?
vivinho! em carne e osso! ao pé de ti!

(À parte)
Que tal!
Co’a dose que tomou, qualquer mulher que aviste
vai julgá-la outra Helena.
Ah, sábio, alfim caíste!