Desde o primeiro dia do meu casamento abriram-se-me na vida horizontes novos. Todo o sentimento de reserva e de misantropia que caracterizava os primeiros anos da minha mocidade desaparecia. Era feliz, completamente feliz. Amava e era amado.
Quando se tratou de irmos para a província surgiu uma dificuldade: partir era deixar os dois velhos tão meus amigos, o pai e o tio de minha mulher; ficar era não acudir ao reclamo de minha mãe.
Cortou-se a dificuldade facilmente. Os dois velhos resolveram partir também.
Em chegando a este desenlace a narrativa perde o interesse para os que são levados pela curiosidade de acompanhar uma intriga amorosa.
Cuido mesmo que nestas páginas pouco interesse haverá; mas eu narro, não invento.
Direi pouco mais.
Há cinco anos que tenho a felicidade de possuir Ângela por mulher; e cada dia descubro-lhe mais suas qualidades.
Ela é para meu lar doméstico:
A luz,
A vida,
A alma,
A paz,
A esperança,
E a felicidade!
Procurei por tanto tempo a felicidade na solidão; é errado; achei-a no casamento, no ajuntamento moral de duas vontades, dois pensamentos e dois corações.
Feliz doença aquela que me levou à casa do Magalhães!
Hoje tenho mais um membro na família: é um filho que possui nos olhos a bondade, a viveza e a ternura dos olhos de sua mãe.
Ditosa criança!
Deu-lhe Deus a felicidade de nascer daquela que é, ao lado de minha mãe, a santa querida da minha religião dos cânticos.