Heide lembrar-me sempre, com saudade,
D'aquella noite gelida de inverno,
Em que poisaste, amor, o labio terno
Sobre o meu labio frio. Na anciedade
De enclausurar do amor a immensidade
Dentro do peito meu, o amor eterno,
Que ora nos salva e outr'ora dá o inferno
Aos sonhos bons da franca mocidade,
Sonhei coisas divinas, myst'riosas...
No aroma sideral do beijo ardente
Sorvi o alento das sensiveis rosas.
Depois ouvi, ao longe, meigamente,
A' tua voz, n'umas canções saudosas:
—Eu heide amar-te muito e eternamente.