O Sr. Agripino Grieco é merecedor de toda a atenção pelo livro que, com o título acima, acaba de publicar a Livraria Schettino.
Não é que nessa obra haja grandes pontos de vista, uma larga visão da Arte e da Vida; mas há nele uma desenvoltura de dizer e um poder de expressão que bem denunciam as origens do autor.
Há no volume do Sr. Grieco, conforme meu fraco juízo, grandes qualidades e grandes defeitos. Pode-se dizer dele o que alguém disse de Rabelais: quando ele é bom, é ótimo; quando é mau, é péssimo.
O Sr. Agripino, conquanto seja um homem culto, falta-lhe, entretanto, certa idéia geral do Mundo e do Homem. Daí, as suas injustiças nos seus julgamentos. Sainte-Beuve, quando examinava um autor, procurava saber qual tinha sido a sua educação primeira. Isto é indispensável para aquilatar um autor.
Nunca me despedi dessa lição do mestre das "Causeries du Lundi".
No meu amigo Grieco se manifesta esse pequeno defeito, quando faz o exame e crítica de certos vultos da nossa atividade intelectual.
Um exemplo que cito com amargor é a análise do Sr. Félix Pacheco, feita pelo autor do Fetiches e Fantoches.
Não é do Sr. Félix Pacheco, senador e redator-chefe do Jornal do Comércio, de quem falo. É do Félix, protetor dos escritores desprezíveis ou desprezados a quem me refiro e de quem só tenho recebido homenagens; e, como eu, muitos outros da minha têmpera.
Se o Sr. Agripino tivesse meditado mais, havia de ver que um homem como o Félix é uma necessidade na nossa literatura. Ele vê longe e largo.
Careta, 2-9-1922.