Ó cores virtuaes que jazeis subterraneas,
—Fulgurações azues, vermelhos de hemoptyse,
Represados clarões, chromaticas vesanias—,
No limbo onde esperaes a luz que vos baptise,
As palpebras cerrae, anciosas não veleis.
Abôrtos que pendeis as frontes côr de cidra,
Tão graves de scismar, nos bocaes dos museus,
E escutando o correr da agua na clepsydra,
Vagamente sorris, resignados e atheus,
Cessae de cogitar, o abysmo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite erraes, doces almas penando,
E as azas laceraes na aresta dos telhados,
E no vento expiraes em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.