XXXIII
Da Lama ao Astro
Junto d’uma judia horrível, no seu leito,
— Dois cadáver’s a par na mesma sepultura
Certa noite, pensei, ao encarar a impura,
Na soberba mulher por que anceia meu peito:
Seu corpo modelar, de majestoso aspeito,
Os seus olhos leaes a distilar doçura,
O capitoso olor da cabeleira escura,
Todas as perfeições do seu todo perfeito!
Com fervor vestiria esse corpo divino,
Desde os mimosos pés ao cabelo em aneis,
Com meus beijos febris, ó bloco marmorino,
Se uma noite, a chorar por quaesquer ninharias,
Pudesses conseguir, rainha das crueis,
Atenuar a luz d’essas pupilas frias!