XXXV
O Gato
Anda cá, meu gatinho, ao meu colo amoroso;
Encolhe as unhas fataes;
Deixa-me profundar esse olhar misterioso,
Feito de ágata e metaes.
Quando eu a minha mão passeio, meigamente,
Sobre o teu pêlo bonito,
E te afago a cabeça e o dorso reluzente
Com um prazer infinito.
Vejo minha mulher em visão. Seu olhar,
Como o teu, manso gatinho,
Corta como um punhal; tem o mesmo brilhar...
Banha-lhe o corpo moreno
Um perfume subtil, – brando como um arminho,
E mortal como um veneno!