XXVII

Sed non satiata


Ó deidade fatal, anjo das frias trevas,
Pomo de tentação, lindo corpo cigano,
Com perfuines de musgo e de tabaco havano,
Ó Fausto feminil que em teus filtros me enlevas!

Ao vinho de Constança, e ao ópio embriagante,
Eu prefiro o elixir da tua bôca terna;
E no teu ignio olhar, refrescante cisterna,
Mata a sede febril a minha dor cruciante.

Nos olhos infernaes, espelhos da tua alma,
Monstro sem coração! a chama viva acalma;
Repara que eu não sou um Estígio incansavel...

Nem me é dado, ai de mim! megera libertina,
Para quebrar-te a força e a luxúria indomavel,
No teu leito sensual tornar-me Proserpina!