LXI
Versos para o retrato
de Honorato Daumier
Esta é a imagem d’aquele
Alto engenho incomparado
Que a saber rir de nós mesmos,
Leitor, nos tem ensinado.
Brinca e moteja de tudo;
Mas, quando nos pinta o Mal
E o seu cortejo de horrores,
Que energia! que moral!
Seu riso não é a máscara
Que um Mefisto se afivela,
Riso que lhe queima as faces,
E que as nossas almas gela.
Um tal riso é da Alegria
Soturna caricatura;
O seu, não; é claro, é franco,
Retrata a sua alma pura!