Desce um desses crepúsculos violáceos em que parece errar no espaço a enevoada música das casuarinas ...

Envolvem gradativamente a imensidade os veludos negros da Noite.

Num céu frio d'inverno, que umas mais frias estrelas esmaltam pouco a pouco, começa prodigiosamente a surgir a Lua, alta e misteriosa, lembrando baladas.

Dias d'ouro, ricos e raros, resplandeceram já com o sol na luxúria verde da folhagem.

E agora, o luar, que veste as noites de noivas, desdobra suntuosamente as suas tules delicadas e os seus luxuosos cetins brancos, imaculados.

Fecundam-se os grandes campos, quietos na nívea luz da Lua, no clarão que dela jorra, dormente e doce.

E os animais que repousam na amplidão dos vistosos gramados, gozam tranqüilos um sono brando, acariciador, como que produzido pela amorfinada claridade da Lua límpida e profunda.

As águas, as frescas águas das fontes e rios, as largas águas dos mares serenamente adormecem, num esplendor cristalino

Apenas uma surdina leve que sai delas , como um leve ressonar, lhes denuncia, no silêncio claro da noite, a antureza sonora.

E enquanto a rumorosa paisagem, todos os frementes impulsos do dia calam-se, em redor, na noite, a lua e as estrelas amorosas acordam e brilham, num recolhimento de Santuário, todas de branco, como virgens para a primeiracomunhão.