Esta página ou seção faz parte de uma obra que ainda está em processo de tradução. Ajude a traduzir! →
Por favor, mantenha este aviso até que toda a obra tenha sido traduzida. |
As divindades ruraiseditarPã, o deus das florestas e dos campos, dos rebanhos e dos pastores habitava em cavernas, perambulava pelas montanhas e vales, e se divertia caçando ou orquestrando a dança das ninfas. Ele gostava de música, e como vimos, foi o inventor da sírinx, ou flauta dos pastores, que ele mesmo tocava com maestria. Pã, assim como os outros deuses que habitavam em florestas, era temido por aqueles cujas ocupações os obrigava a passarem a noite nas florestas, pois a tristeza e a solidão de tais momentos induziam a mente à receios injustificados. Daí que, os sustos repentinos sem causas visíveis, eram atribuídos a Pã, a que chamavam de terror de Pã ou simplesmente de pânico. Como o nome do deus significa TUDO, Pã chegou a ser considerado um símbolo do universo e a personificação da natureza; e mais tarde, ainda era considerado o representante de todos os deuses e do paganismo propriamente dito. Silvano e Fauno eram divindades latinas, cujas características são tão parecidas com as de Pã que, sem dúvida, poderemos considerá-las como o mesmo personagem sob denominações diferentes. As ninfas dos bosques, companheiras de Pã na dança, eram apenas uma das espécies de ninfas. Havia, além delas, as Náiades, deusas dos regatos e das fontes, as Oréades, ninfas das montanhas e das grutas, e as Nereidas, ninfas dos mares. As três últimas que foram mencionadas eram imortais, mas as ninfas dos bosques, chamadas de Dríades ou Hamadríades, acreditava-se que elas morriam com as árvores, onde eram as suas moradas e às quais elas deviam o seu nascimento. Era, pois, um ato de impiedade, destruir uma árvore de forma intencional, e em alguns casos graves havia punições severas, como o caso do Erisictão, que logo falaremos a respeito. Milton em sua brilhante descrição das primeiras criações, assim se refere a Pã como personificação da Natureza: E descrevendo a morada de Eva: "... Em sombreado caramanchão, --Paraíso Perdido, B. IV. Era uma característica agradável no velho Paganismo, onde eles adoravam atribuir a cada situação da natureza a ação de uma divindade. A imaginação dos gregos povoava todas as regiões da terra e do mar com divindades, a cuja atividade eles atribuíam determinados fenômenos, os quais a nossa filosofia credita aos efeitos das leis da natureza. Algumas vezes, em nossa verve poética sentimos disposição para lamentar essas modificações, e pensar que com tais alterações o coração perde tanto quanto o cérebro ganha. O poeta Wordsworth (1770-1850) expressa tal sentimento de maneira vigorosa: "... Poderoso Deus, gostaria de ser um pagão A me alimentar de crenças ultrapassadas, Então poderia eu permanecer nestes campos aprazíveis, E imaginar que estivesse menos desamparado; Imaginar Proteu a subir dos mares, E ouvir o velho Tritão a soprar a sua flauta." Schiller (1759-1805), em seu poema "Os deuses da Grécia,"[1] expressa o seu pesar pela esquecimento da bela mitologia dos tempos antigos, de maneira que suscitou uma resposta da poetisa cristã, Sra. E. Barrett Browning, em seu poema intitulado "O Pã morto" Os dois versos seguintes são apenas uma amostra: "Com a beleza que reconhece Estes versos foram extraídos de uma primitiva tradição cristã que quando o anfitrião celestial contou aos pastores de Belém sobre o nascimento de Cristo, um gemido profundo, ouvido por todas as ilhas de Grécia, falou que o grande Pã havia morrido, e que toda a realeza do Olimpo fora destronada e as diversas divindades foram obrigadas a vagar no frio e nas trevas. Milton fala disso em seu "Hino da Natividade": "Sobre as montanhas solitárias, Erisictão era uma pessoa com características pagãs e cultuava o menosprezo aos deuses. Em certa ocasião acredita-se que ele tenha violado com um machado um bosque consagrado a Ceres, deusa da agricultura. Existia nesse bosque um respeitável pé de carvalho tão grande que parecia uma floresta dentro da outra, seu tronco antigo subia majestoso, onde guirlandas comemorativas eram penduradas frequentemente e inscrições eram insculpidas expressando a gratidão dos peticionários à ninfa das árvores. Muitas vezes as Dríades dançavam ao redor da velha árvore de mãos dadas. Seu tronco media quinze côvados de diâmetro, e ele era mais alto que as outras árvores, assim como elas eram mais altas que os arbustos. Apesar de tudo isso, Erisictão não via motivos para poupá-lo e ordenou aos seus serviçais para que o derrubassem. Quando ele percebeu que eles hesitavam, ele pegou o machado de um deles, e exclamou impiedosamente: "Não me importa que esta seja ou não uma árvore adorada pela deusa; se fosse a própria deusa ela seria derrubada caso ficasse no meu caminho." E assim dizendo, ele levantou o machado e o carvalho parecia tremer e desferir um gemido. Quando o primeiro golpe de machado atingiu o tronco, o sangue jorrou de suas partes feridas. Todos os espectadores ficaram horrorizados, e um deles se arriscou a protestar e conter o machado fatal. Erisictão, com olhar de zombeteiro, disse ao espectador indignado, "Receba esta recompensa pela tua piedade;" e virou contra ele o golpe que ele havia poupado contra a árvore, e talhou o corpo do infeliz com várias cutiladas, cortando-lhe a cabeça. Nesse instante, das profundezas do carvalho surgiu uma voz, "Eu, que habito esta árvore, sou a ninfa amada de Ceres, e ao morrer pelas tuas mãos aviso-te que uma punição te espera." Ele não desistiu do crime, e finalmente a árvore, retalhada pelos golpes sucessivos e arrastada por cordas, caiu com um estrondo e com sua queda derrubou uma grande parte da floresta. As Dríades, desalentadas com a perda de seu companheiro, e vendo o orgulho da floresta sendo ultrajado, foram em grupo até Ceres, toda vestidas com roupas de luto, e clamaram por punição a Erisictão. Ceres deu a sua confirmação, E ao curvar a cabeça os grãos maduros da colheita nos campos sobrecarregados também se curvaram. Ela engendrou uma punição tão cruel a ponto de acender a piedade, como se um criminoso como ele pudesse merecer alguma piedade, -- e decidiu entregá-lo à Fome. Como a própria Ceres não podia aproximar-se da Fome, pois que as Parcas haviam ordenado que estas duas deusas jamais se encontrassem, ela chamou uma Oréade de suas montanhas e disse à ninfa estas palavras: "Existe um lugar na parte mais afastada da gélida Cítia, uma região triste e árida onde não existem árvores e não se fazem colheitas. É a morada do Frio, bem como moram ali o Medo e o Tremor, e a Fome. Ide até lá e dize à Fome para fixar moradia nas entranhas de Erisictão. Não permita que ele seja visitado pela abundância, nem que a força dos meus poderes afastem a Fome de seus domínios." Não ficai assustada com a distância" (pois que a Fome habita muito longe de Ceres), "mas, fazei uso de minha carruagem. Os dragões são velozes e obedecem ao comando, e em pouco tempo te alçarão pelos ares." Então Ceres ofereceu as rédeas da carruagem à Oréade, que partiu imediatamente, logo chegando a Cítia. Ao passar sobre o Monte Cáucaso ela parou os dragões e encontrou a Fome num campo pedregoso, arrancando a escassa erva com dentes e garras. Seus cabelos eram grosseiros, seus olhos fundos, seu rosto pálido, lábios esbranquiçados, suas mandíbulas cobertas de poeira, e sua pele tão esticada, que exibia todos os ossos. Assim que a Oréade viu a triste criatura a uma certa distância (pois ela não ousou se aproximar), ela comunicou as ordens de Ceres; e, embora tivesse permanecido o menor tempo possível, e mantido distância dela a maior que podia, mesmo assim ela começou a sentir fome, e virando a cabeça dos dragões fez o caminho de volta para a Tessália. A Fome obedeceu as ordens de Ceres e correu apressada pelo ar até a morada de Erisictão e entrou na câmara do infeliz, encontrando-o dormindo. Ela o abraçou com suas asas e invadiu os seus pulmões, injetando veneno letal em suas veias. Tendo se desincumbido de suas tarefas, ela se apressou em deixar a terra da fartura, retornando para os seus covis habituais. Erisictão dormia ainda, e em seus sonhos ele suplicava por alimento, e mexia com a boca como se estivesse comendo. Ao despertar, a fome era avassaladora. Sem perda de tempo, mandou que lhe providenciassem alguns alimentos, ou qualquer coisa que a terra, o mar, ou o ar produzissem; e se queixava da fome até mesmo quando comia. O que teria bastado para uma cidade ou uma nação, não era o bastante para ele. Quanto mais comia, mais comida implorava. A sua fome era do tamanho do mar, que recebe todos os rios, e no entanto, nunca se farta; ou como o fogo, que queima todo combustível que lhe é lançado, no entanto, sua voracidade não cessa. Suas riquezas rapidamente ficaram reduzidas diante das intermináveis exigências de seu apetite, porém, sua fome não era saciada. Finalmente, ele havia gasto tudo e tinha ao seu lado apenas uma filha, uma filha digna de um pai melhor. Ela também foi vendida. Desesperada por ser escrava de um comprador, e quando estava nas imediações do litoral, levantou suas mãos em prece para Netuno. Ele ouviu suas orações, e embora seu novo amo não estivesse distante, tendo lançado seus olhos sobre ela momentos antes, Netuno mudou o formato dela e a transformou num pescador entregue a seus afazeres. Seu amo, procurou-a, e encontrando-a com sua forma alterada, se dirigiu a ela com estas palavras, "Meu bom pescador, para onde foi a donzela que estava aqui agora mesmo, com seus cabelos desarrumados e usando vestimentas humildes, de pé no lugar onde você está agora? Me diga a verdade, para que você possar ter muita sorte e nenhum peixe morda a sua isca e fuja." Ela percebeu que suas preces tinham sido atendidas e intimamente ficou muito feliz ao ouvir-se questionada sobre seu próprio paradeiro. Então, ela respondeu, "Me perdoe, estrangeiro, mas eu estava tão concentrado com meus apetrechos de pesca que não vi nada; mas que eu jamais pegue outro peixe se eu disser, que alguma mulher ou outra pessoa com exceção de mim mesmo, estiveram por aqui durante algum tempo." Ele ficou decepcionado e foi embora, achando que a sua escrava havia fugido. Então ela reassumiu sua forma verdadeira. Seu pai ficou muito satisfeito ao ver que ela ainda se encontrava por ali, e também o dinheiro que ele conseguira com a venda da filha; então ele a vendeu novamente. A jovem, porém, pelas graças de Netuno, foi transformada tantas vezes quantas fora vendida, ora como um cavalo, ora como um pássaro, outras vezes como uma vaca, ou mesmo como um cervo, -- ela fugia de seus compradores e voltava para casa. E por meio desses odiosos métodos, o faminto pai adquiria alimentos; mas não o suficente para suas necessidades, até que a fome o obrigou a devorar os próprios membros, e ele procurava saciar a sua fome comendo o próprio corpo, até que a morte o libertou da vingança de Ceres. As Hamadríades sabiam apreciar as homenagens bem como punir as injúrias. A história de Reco demonstra bem este fato. Reco, vendo por acaso um carvalho pronto para cair, ordenou a seus criados que o escorassem. A ninfa, que estava em perigo iminente de morrer junto com a árvore, veio e expressou sua gratidão a ele por ter salvo a sua vida e pediu-lhe para que dissesse que recompensa ele desejava. Reco corajosamente expressou que desejava amá-la e a ninfa atendeu a seus desejos. Ao mesmo tempo, ela lhe pediu que ele jurasse fidelidade e lhe disse que uma abelha seria sua mensageira e o informaria o momento que ela aceitaria a sua companhia. Uma vez, uma abelha se aproximou de Reco quando ele estava jogando dados e ele, descuidadamente, a afugentou. A ninfa ficou tão exasperada, não permitindo que nunca mais a visse. Nosso conterrâneo, J. R. Lowell (1819-1891), usou esta história como tema para um de seus poemas mais curtos. O poema começa assim: "Ouçam agora esta bela lenda da Velha Grécia, As divindades aquáticaseditarOceano e Tétis eram os Titãs que governavam os elementos hídricos. Quando Jove e seus irmãos derrotaram os Titãs e assumiram seu poder, Netuno e Anfitrite sucederam-se no domínio das águas no lugar de Oceano e Tétis. Netuno foi o mais importante das divindades hídricas. O símbolo do seu poder era o tridente, ou a lança com três pontas, a qual ele usava para despedaçar rochas, desencadear ou aplacar tempestades, sacudir as costas litorâneas e outras coisas semelhantes. Foi ele quem criou o cavalo, sendo, portanto, o patrono das corridas equestres. Seus próprios cavalos tinham cascos de bronze e crinas douradas. Puxavam sua carruagem por sobre o oceano, o qual ficava tranquilo diante do deus, enquanto os monstros das profundezas davam cambalhotas enquanto ele passava. Anfitrite era a esposa de Netuno. Ela era filha de Nereu e Dóris, e mãe de Tritão. Netuno, para fazer corte a Anfitrite, andava cavalgando sobre um golfinho. Tendo-a conquistado, ele recompensou o golfinho colocando-o entre as estrelas. Nereu e Dóris eram os pais das Nereidas, das quais Anfitrite era a mais famosa de todas, Tétis, mãe de Aquiles, e Galateia, que foi amada pelo ciclope Polifemo. Nereu se destacou por seus conhecimentos e seu amor pela verdade e pela justiça, e por isso era chamado de Ancião; o dom da profecia também foi atribuído a ele. Tritão era filho de Netuno e Anfitrite, e os poetas o representavam como o trombeteiro de seu pai. Proteu era também filho de Netuno. Ele, assim como Nereu, foram chamados de os anciães do mar por causa de sua sabedoria e conhecimento dos acontecimentos futuros. Seu poder mais peculiar era o de mudar sua forma quando quisesse. Tétis, filha de Nereu e Dóris, era tão linda que o próprio Júpiter a pediu em casamento; mas, tendo sido avisado por Prometeu o titã, que Tétis teria um filho que seria maior que seu pai, Júpiter desistiu do pedido e decidiu que Tétis seria esposa de um mortal. Com a ajuda de Quirão, o Centauro, Peleu conseguiu conquistar a deusa para sua noiva e o filho deles foi o renomado Aquiles. Em nosso capitulo sobre a Guerra de Troia ficaremos sabendo que Tétis lhe foi sua mãe dedicada, ajudando-o em todas as suas dificuldades, e velava por todos os seus interesses do primeiro ao último. Ino, filha de Cadmo e esposa de Atamante, fugindo de seu desvairado marido, com seu filho pequeno, Melicerces, nos braços, saltou de um penhasco para dentro do mar. Os deuses, por piedade, a transformaram na deusa do mar, sob o nome de Leucoteia, e o filhinho em deus, recebendo o nome de Palemon. Ambos eram considerados poderosos para salvamentos de naufrágios e eram invocados pelos marinheiros. Palemon geralmente era representado cavalgando sobre um golfinho. Os Jogos Ístmicos eram celebrados em sua honra. Ele era chamado de Portuno pelos romanos, e acreditava-se ter jurisdição sobre os portos e áreas costeiras. Milton faz referências a todas estas divindades na canção ao concluir seu poema "Comus": "... Oh bela Sabrina, Armstrong 1709–1779), o poeta da "Arte de Preservar a Saúde", sob a inspiração de Hígia, a deusa da saúde, celebra as Náiades desta maneira. Péon é o nome tanto de Apolo como de Esculápio. "Vinde, oh Náiades! trazidas pela fonte! Com este nome os latinos denominavam as Musas, que incluíam também algumas outras divindades, principalmente as ninfas das fontes. Egéria[2] era uma dessas ninfas, cujas fontes e grutas ainda existem até os dias de hoje. Conta a lenda que Numa, o segundo rei de Roma, foi favorecido por esta ninfa que proporcionou a ele diversos encontros secretos, onde ela deu a ele algumas lições de sabedoria e direito que foram por ele corporificadas pelas instituições de sua nascente nação. Depois da morte de Numa a ninfa perdeu a vontade de viver e se transformou numa fonte. Byron, no poema "Childe Harold," Canto IV., assim se refere à Egéria e à sua gruta: "Aqui fizeste tua morada, nesta cobertura encantadora, Tennyson (1809-1892), também, em seu "Palácio de Arte"[3] nos presenteia com alguns relatos sobre o amante real à espera do encontro: "Colocando a mão no ouvido, Quando outros agentes menos ativos eram personificados, não devemos presumir que com os ventos isso fosse diferente. Eram eles Bóreas ou Aquilão, o vento norte; Zéfiro ou Favônio, o vento oeste; Noto ou Astreu, o vento sul; e Euro, o vento leste. Os dois primeiros, principalmente, tem sido celebrados pelos poetas, o primeiro (Bóreas) pela sua brutalidade, o último (Zéfiro) pela sua gentileza. Bóreas amava a ninfa Orítia, e tentava representar o seu papel de amante, porém, teve pouco sucesso. Para ele era muito difícil soprar delicadamente, e suspirar, para ele, era praticamente impossível. Cansado, finalmente, de esforços que não traziam resultados, começou a agir com seu verdadeiro caráter, raptando a donzela e levando-a para bem longe. Seus filhos eram Zetes e Calais, guerreiros alados, que fizeram parte da Expedição dos Argonautas, tendo prestado bons serviços num embate que tiveram contra as Harpias, as aves monstruosas. Zéfiro era amante de Flora. Milton se refere a elas em seu "Paraíso Perdido" onde ele descreve Adão acordando e contemplando Eva que ainda dormia. "... Ele, debruçado de lado O Dr. Young (1683-1765), o poeta dos "Pensamentos Noturnos," em se referindo à ociosidade e à luxúria, diz o seguinte: "Doce delicadeza! que nada pode suportar Notas e Referências do Tradutoreditar
|