Sabida por Sua Majestade a nova da morte de d. Francisco de Souza, tornou a juntar o governo do Brasil todo em um, e o deu a Gaspar de Souza, e porque os franceses no ano de mil seiscentos e doze tinham (sic) a povoar o Maranhão, dizendo que não tinham os reis de Portugal mais direito nele que eles, pois Adão o não deixara em testamento mais a uns que a outros, com este pretexto trouxeram 12 religiosos da nossa Ordem Capuchinhos para converterem os gentios, meio eficacíssimo para com muita facilidade os pacificarem, e povoarem a terra; mandou Sua Majestade ao governador que viesse por Pernambuco para daí dar ordem a lançar os franceses do Maranhão, e o povoar e fortificar, pois era da sua conquista pela Coroa de Portugal, e que d. Diogo de Menezes, seu antecessor, se fosse para o reino, pois tinha acabado o seu triênio, e ficassem governando a Bahia enquanto ele a ela não vinha o chanceler Rui Mendes de Abreu, e o provedor-mor da fazenda Sebastião Borges, os quais por serem ambos muito velhos e enfermos, ajuntou o governador por sua provisão Baltazar de Aragão, aqui morador, por capitão-mor da guerra por terra, por ter aviso que vinham inimigos à terra, e em Pernambuco, para a do Maranhão a Jerônimo de Albuquerque, que mandou com cem homens por mar cm quatro barcos descobrir os portos, e o que neles havia; o qual discorrendo a costa avante do Ceará foi até o Buraco das Tartarugas, e aí fez uma cerca, e deixou um presídio, donde mandando o capitão Martim Soares Moreno em um barco a descobrir o Maranhão, se tornou a Pernambuco a dar conta ao governador do que tinha feito, e pedir mais gente, e cabedal para a conquista, que o governador dilatou até a vinda de Martim Soares, e sua informação, ocupando-se entretanto no governo político, e administração da justiça, sem nesta fazer exceção de pessoas, pelo que era amado dos pequenos, e temido dos grandes; fez também fazer algumas obras importantes, como foi uma formosa casa para a alfândega sobre o varadouro, onde se desembarcam as fazendas das barcas, e algumas calçadas nas ruas da vila, e uma mui comprida no caminho de Jaboatão, onde com a muita lama atolavam os bois e carros, e não podiam trazer as caixas de açúcar dos engenhos.

Neste interim foi Martim Soares seguindo sua viagem, descobrindo e reconhecendo a baía, rios e portos do Maranhão, e por via de índios levou recado ao reino que estavam ali franceses em comércio, com o qual aviso mandou Sua Majestade ordem ao governador que tornasse a enviar a este descobrimento o dito Jerônimo de Albuquerque.