História do Brasil (Frei Vicente do Salvador)/V/XXVI
Com muita brevidade mandou Sua Majestade aprestar suas armadas, assim em Castela, como em Portugal e Biscaia para socorrer, e recuperar a Bahia do poder dos holandeses, dizendo que se lhe fora possível ele mesmo houvera de vir em pessoa, o que foi causa de todos seus vassalos se oferecerem à jornada com muita vontade, e só na armada de Portugal se embarcaram mais de cem fidalgos, para o que foi também grande motivo d. Afonso de Noronha, Fidalgo velho, que havia sido eleito viso-rei da Índia, e foi o primeiro que se alistou por soldado, a quem todos os outros seguiram, para passar este grande oceano, como os filhos de Israel a Aminadab, para a passagem do mar Vermelho.
Partiu esta armada de Lisboa a 22 de novembro de 1624, dia de Santa Cecília, por general dela d. Manuel de Menezes no galeão S. João, do qual vinha por capitão seu filho d. João Teles de Menezes, e juntamente de uma companhia de soldados, e d. Álvaro de Abranches, neto do conde de vila Franca, e Gonçalo de Souza, filho herdeiro de Fernão de Souza, governador do reino de Angola, de outras duas, que por todos eram seiscentos soldados.
Almeiranta, que era o galeão Santa Anna, vinha por almirante e mestre de campo de um terço d. Francisco de Almeida, por capitão da sua infantaria Simão de Mascarenhas, do hábito de S. João.
No galeão Conceição vinha por capitão e mestre de campo de outro terço Antônio Moniz Barreto; por capitão da infantaria d. Antônio de Menezes, filho único de d. Carlos de Noronha. No galeão S. José vinha por capitão d. Rodrigo Lobo, e da infantaria d. Sancho Faro, filho do conde de Vimieiro.
Na nau Caridade vinha por capitão dela e da infantaria Lancerote de França. Na naveta Santa Cruz vinha por capitão dela e da infantaria Constantino de Mello. Na nau Sol Dourado, capitão Manuel Dias de Andrade. Na nau Penha de França, capitão Diogo Vaião.
Na nau Nossa Senhora do Rosário, capitânia da esquadra do Porto e Viana, por capitão-mor dela e de toda a esquadra Tristão de Mendonça Furtado, e por capitão da infantaria Antônio Álvares. Na almeiranta chamada S. Bartolomeu, almirante Domingos da Câmara, e capitão da infantaria d. Manuel de Moraes.
Na nau Nossa Senhora da Ajuda, capitão dela e da infantaria Gregório Soares. Na nau Nossa Senhora do Rosário Maior, capitão dela e de arcabuzeiros Rui Barreto de Moura.
Na nau Nossa Senhora do Rosário Menor, capitão Cristóvão Cabral, do hábito de S. João. Na nau Nossa Senhora das Neves Maior, capitão Domingos Gil da Fonseca. Na nau Nossa Senhora das Neves Menor, capitão Gonçalo Lobo Barreto. Na nau S. João Evangelista, capitão Diogo Ferreira. Na nau Nossa Senhora da Boa Viagem, capitão Bento do Rego Barbosa. Na nau S. Bom Homem, capitão João Casado Jacome.
Os mais navios eram patachos e caravelas, que por todos eram vinte e seis, dez do Porto e Viana, e os mais de Lisboa.
Os fidalgos que neles vinham embarcados por soldados, seguindo a ordem do alfabeto, eram: o já nomeado d. Afonso de Noronha, do Conselho de Estado. d. Afonso de Portugal, conde de Vimioso. d. Afonso de Menezes, herdeiro da casa de seu pai, d. Fradique. d. Álvaro Coutinho, senhor de Almourol. Álvaro Pires de Távora, filho herdado de Rui Lourenço de Távora, governador que foi do Algarve, e viso-rei da Índia. Álvaro de Souza, filho herdeiro da casa de Gaspar de Souza, do Conselho de Estado, e governador que foi do Brasil. Álvaro de Souza, filho de Simão de Souza. d. Antônio de Castelo, senhor de Pombeiro. Antônio Corrêa, senhor de Belas. Antônio Luiz de Távora, filho herdeiro do conde de S. João. Antônio Teles da Silva, do hábito de S. João, filho de Luiz da Silva, do Conselho de Sua Majestade, vedor de sua fazenda. Antônio da Silva, filho de Pedro da Silva. Antônio Carneiro de Aragão. Antônio de S. Paio, filho de Manuel de S. Paio, senhor de vila Flor. Antônio Pinto Coelho, senhor das Figueiras. Antônio Taveira de Avelar. d. Antônio de Mello. Antônio Freitas da Silveira, filho de João Rodrigues de Freitas, da ilha da Madeira. Braz Soares de Souza. d. Duarte de Menezes, conde de Tarouca. Duarte de Albuquerque, senhor de Pernambuco. d. Diogo da Silveira, filho herdeiro de d. Álvaro da Silveira, e neto do conde de Sortelha. d. Diogo Lobo, filho de d. Pedro Lobo. d. Diogo de Noronha. d. Diogo de Vasconcellos e Menezes, e d. Sebastião, filhos de d. Afonso de Vasconcellos, da casa de Penela. Duarte de Mello Pereira. Duarte Peixoto da Silva. Estevão Soares de Mello, senhor da casa de Mello. Estevão de Brito Freire. d. Francisco de Portugal, comendador da fronteira. Francisco de Mello de Castro, filho de Antônio de Mello de Castro. d. Francisco de Faro, filho do conde d. Estevão de Faro, do Conselho de Estado de Sua Majestade, e vedor de sua fazenda. Francisco Moniz d. Francisco de Toledo, e Antônio de Abreu, seu irmão. d. Francisco de Sá, filho de Jorge de Sá. Francisco de Mendonça Furtado, e Cristóvão de Mendonça Furtado, seu irmão. Garcia Veles de Castelo Branco. Gaspar de Paiva de Magalhães. Jorge de Mello, filho de Manuel de Mello, monteiro-mor. Jorge Mexia. Gonçalo de Souza, filho herdeiro de seu pai Fernão de Souza, governador do reino de Angola. Gonçalo Tavares de Souza, filho de Bernardim de Távora, do Algarve. d. Henrique de Menezes, senhor de Louriçal. Jerônimo de Mello de Castro. d. Henrique Henriques, senhor das Alcaçovas. Henrique Corrêa da Silva. Henrique Henriques. d. João de Souza, alcaide-mor de Thomar. João da Silva Tello de Menezes, coronel de Lisboa. João de Mello. d. João de Lima, filho segundo do visconde d. João de Portugal, filho de d. Nuno Álvares de Portugal, governador que foi do reino. d. João de Menezes, filho herdeiro de d. Diogo de Menezes. João Mendes de Vasconcellos, filho de Luiz Mendes de Vasconcellos, governador que foi do reino de Angola. João Machado de Brito. Joseph de Souza de S. Paio. Luiz Álvares de Távora, conde de S. João, senhor da casa de Mogadouro. d. Lopo da Cunha, senhor de Sentar. Luiz. Cesar de Menezes, filho de Vasco Fernandes Cesar, provedor dos armazéns de Sua Majestade. Lourenço Pires Carvalho, filho herdeiro da casa de Gonçalo Pires Carvalho, provedor das obras de Sua Majestade. d. Lourenço de Almada, filho de d. Antão de Almada. Lopo de Souza, filho de Aires de Souza. Martim Afonso de Oliveira de Miranda, morgado de Oliveira. Martim Afonso de Távora, filho de Rui Pires de Távora, reposteiro-mor de Sua Majestade. Manuel de Souza Coutinho, filho de Cristóvão de Souza Coutinho, guarda-mor das naus da Índia, senhor da casa de Baião. d. Manuel Lobo, filho de d. Francisco Lobo. Manuel de Souza Mascarenhas. Martim Afonso de Mello, e Joseph de Mello, seu irmão. d. Manuel Coutinho, e dois filhos do marechal d. Fernando Coutinho. Nuno da Cunha, filho herdeiro de João Nunes da Cunha. d. Nuno Mascarenhas da Costa, filho de d. João Mascarenhas. Nuno Gonçalves de Faria, filho de Nicolau de Faria, almotacé-mor. Pedro da Silva, governador que foi da Mina. Pedro Cesar de Eça, filho de Luiz Cesar. Pero da Silva da Cunha, filho de Duarte da Cunha. Pero Lopes Lobo, filho de Luiz Lopes Lobo. Pero Cardoso Coutinho. Pero Corrêa da Silva. Paulo Soares. Pero da Costa Travassos, filho de João Travassos da Costa, secretário da mesa do Paço. Rui de Moura Teles, senhor da Póvoa. d. Rodrigo da Costa, filho de d. Julianes da Costa, governador que foi de Tangere, presidente da Câmera de Lisboa, e do Conselho do Paço. d. Rodrigo Lobo. Rui Corrêa Locas. Rodrigo de Miranda Henriques. Rui de Figueiredo, herdeiro da casa de seu pai Jorge de Figueiredo. Luiz Gomes de Figueiredo, e Antônio de Figueiredo, seus irmãos. d. Rodrigo da Silveira, e Fernão da Silveira, seu irmão, filhos de d. Luiz Lobo da Silveira, senhor das Sargedas. Rui Dias da Cunha. Sebastião de Sá de Menezes, filho herdeiro de Francisco de Sá de Menezes, irmão do conde de Matosinhos. Simão de Miranda. Simão Freire de Andrade, e muitos outros homens nobres, que parece se não tinham por tais os que se não embarcavam nesta ocasião; e assim aconteceu em Viana entre três irmãos, que sendo necessário ficar um com o cuidado de sua família, e dos mais, nenhum deles o quis ter, por não faltar na empresa, e por entender o conde de Miranda Diogo Lopes de Souza que importava ficar algum, por sorte de dados resolveu a contenda.
A mesma houve entre um pai, e um filho, querendo cada qual vir por soldado, e foi o caso ao. conde governador, que resolveu tocar mais a jornada ao filho, que ao pai, e os deixou conformes na pretensão da honra, que cada um para si queria.