Juanita, a linda macaca
Da vizinha ali defronte,
Tira da caixa da dona
Pitadinhas de simonte.
E leva o lenço ao nariz
Com modo tão engraçado,
Que todos julgam que aquilo
Lhe foi, decerto, ensinado.
Nas pequeninas orelhas
Sustem óculos doirados:
Traz meias-luvas nas mãos,
Nos pés sapatos calçados:
Põe na cabeça um chapeu
Com grandes laços de fita:
Não ha, em parte nenhuma,
Macaquinha mais bonita.
Mas ontem, quando a criada
Lhe foi servir o jantar,
Deu-lhe uma tal bofetada,
Que a pobre pôs-se a chorar.
Fôra o caso que a criada
A convidou a cheirar
Caixa que, em vez de rapé,
Tinha um pó que faz ’spirrar.
Dona Juanita, assustada,
Coçou o nariz… guinchou…
E, como era reservada,
Vingar-se dela jurou.
Pergunta a ama á criada:
– ¿O que foi que ela te fez?
Rosa contou a verdade
– Deu-te uma? mer’cias três.
Chegou a caixa á macaca:
Pediu-lhe para tirar.
Juanita, desconfiada,
Deu-lha primeiro a cheirar.
Depois sorveu a pitada,
Limpou com geito o nariz,
E olhou a gaiata Rosa
Tendo o ar de quem lhe diz:
– Já te não dou confiança.
Não te posso acreditar.
Com mulher tão malcriada
Nunca mais torno a brincar.