Jesus sorri. Que ternura,
Que doce favo de luz
Vejo brilhar na candura
De seus dois olhos azuis!
Chegam os Magos. De joelho,
Cheios de unção e de amor,
Beijam o pesinho vermelho
Do pequenino Senhor.
Trazem-lhe mesmo um tesouro
Lembrando glória e tormento:
Caçoulas de incenso e ouro
É a mirra do sofrimento.
Ó Reis do Grande Oriente,
Por que lembrastes, então,
Á mãe do louro inocente
A dor sem fim da Paixão?
Não vedes que a Virgem chora
Olhando a mirra cruel?
É que ela se lembra agora
Da esponja embebida em fel.
Talvez não vísseis o lindo
Bando gentil de pastores
Que o rodearam sorrindo,
Mas só lhe trouxeram flores!