AGONIA DO CORAÇAO


A Maria Carolina de Vasconcellos



«Estrellas fulgem da noite em meio
Lembrando cirios loiros a arder...
E eu tenho a treva dentro do seio...
Astros! velai-vos, que eu vou morrer!

Ao longe cantam. São almas puras
Cantando á hora do adormecer...
E o echo triste sobe ás alturas...
Moças! não cantem que eu vou morrer!

As mães embalam o berço amigo
Doce esperança de seu viver...
E eu vou sosinha para o jazigo...
Chorai creanças, que vou morrer!

Passaros tremem no ninho santo
Pedindo a graça do alvorecer...
Emquanto eu parto desfeita em pranto...
Aves! suspirem que eu vou morrer!

De lá do campo cheio de rosas
Vem um perfume de entontecer...
Meu Deus! que maguas tão dolorosas...
Flores! fechai-vos, que eu vou morrer!»