Quando o meu pensamento se transporta
A’s praias de alem mar,
Sinto no peito uma tristeza immensa
Que manda-me chorar.
E’ que vejo morrerem, uma a uma,
Santas aspirações,
E voarem com os passaros saudosos
As minhas illusões...
Nunca julguei que a terra fosse um tumulo
De sonhos juvenis,
Sorrindo acreditei que aqui, no mundo,
Podia ser feliz...
Enganei-me: — a tristeza, que me opprime
O coração sem luz...
Como do Sol o derradeiro raio
Nos braços de uma Cruz...
A tremula saudade que entristece
E faz desfallecer;
Essa agonia lenta que me inspira
Desejos de morrer... —
Tudo me diz que a vida é o desengano,
A morte da Illusão,
E o mundo um grande manto de tristezas
Que enluta o coração.
Jardim — 1893.