NO TEMPLO


Que suave harmonia,
    Em tua voz...
Tu roubaste-a , Maria,
    Aos rouxinoes?

Aqui, na Egreja santa,
    Si vens rezar,
Quanta piedade, quanta!
    Trazes no olhar.

Maria! como és bella,
    Junto a Jesus!
O teu olhar de estrella
    Parece luz.

E que doce brancura
    Na tua côr...
Tens a pallida alvura
    De um lirio em flôr.

Junta estas mãos, formosa!
    Assim... assim...
Deixa o labio de rosa
    Pedir por mim.

Vale tanto uma prece,
    Dita por ti!
Mas... a noite já desce.
    Vamos d’aqui.

Olha que eu tenho medo
    Da escuridão...
Vamos; termina cedo
    Tua oração.

Jardim — 1895.