Á meu irmão Henrique, no dia de seus annos.
E’ chegado emfim o dia
Das harmonias do lar,
Nos rostos vê-se a alegria
De corações a saltar.
Nos labios meigo sorriso,
Vindo lá do Paraiso
Em effluvios divinaes;
Como nuvens perfumosas
Derramando sobre as rosas
Os orvalhos matinaes.
Não vês, meu irmão, que festa
Que saudosa embriaguez
Nos mandam lá da floresta
As flores por sua vez?
Parece que a natureza
Ostenta com mais belleza
As suas graças gentis...
E comnosco vem contente
Trazer-te um lindo presente
Nestes perfumes subtis.
Não ouves os periquitos
Que povoam nosso lar?
Com esses alegres gritos
Querem tambem te saudar.
E os travessos passarinhos,
Como encantados anjinhos.
A sorrir lá n’amplidão,
Vêm n’uns adejos divinos,
Nos biquinhos purpurinos
Sustendo meu coração.
Aceita-o... E’ feito de rosas,
De margaridas, jasmins;
As suas fibras mimosas
São bellas como rubins.
Recebe, pois, com carinhos
Nas azas dos passarinhos
Que cantam nesta manhã,
Como uma sincera humilia
As saudações da família
E os beijos de tua irmã...
15 de Março de 1893.