Eu amo as minhas lembranças,
Minhas saudades e dores,
Assim como amo as crianças,
Os passarinhos e as flores.

A criancinha que chora
É como o lírio ao nascer:
Um raio de sol implora
Para que chegue a viver.

E o raio de sol que damos
À pobre criança é o beijo...
O lábio que nós beijamos
Ressoa como um harpejo.

O pequeno passarinho
Esmola também o amparo:
Ai! guardemos o seu ninho
Como o tesouro mais caro.


As flores - no vil degredo
Da terra - vivem um dia!
Vamos levá-las bem cedo
À doce Virgem Maria.

Terão assim melhor sorte
Quando forem a murchar...
As rosas querem a morte
Que as desfolha ao pé do altar.

Ai! tudo que é fraco e triste
Precisa de amparo e luz...
E nada no mundo existe
Tão triste como uma Cruz.

Por isso, adoro as lembranças,
As amarguras e as dores,
Assim como amo as crianças,
As andorinhas e as flores.