SONETO
Tudo o que é puro, santo e resplendente,
N’este mundo cruel de desenganos,
Toda a ventura dos primeiros annos
N’um’alma que desbrocha sorridente;
Tudo o que ainda vemos de potente
Na vastidão sem fim dos oceanos,
E da terra nos prantos soberanos
Trazidos pela aurora refulgente;
Tudo o que desce do infinito ousado:
O sol, a brisa, o orvalho prateado,
A luz do amor, do bem, das esperanças;
Tudo afinal que vem do Céo doirado
A despertar o coração maguado,
— Deus encerrou nos olhos das creanças!
Macahyba — 1893.