... sunt numina amanti...
Tibullo — Elegia
- I – Em Baixo
Vem. — Entremos por estas alamedas,
Onde a aurora amolece a treva a custo:
Leva-te o corpo um furacão de sedas,
Que vão cantando e zombam do teu susto.
Sim!... teu palor — é cedo, há frio — é justo.
O mais... Vê bem: as árvores ´stão quedas,
Só as aves, que saltam das veredas,
Dão um gesto ardiloso a cada arbusto.
Daqui a instante, ali na volta, um manto
De luz verás cobrir o sonorento
Rio, a artística ponte, o espaço; a um canto,
À esquerda, ao sol, num seixo, inculto assento
Terás, enquanto o ar te aroma, enquanto
Rola em teus olhos rindo o firmamento!...
- II – Em Cima
Olha além, para cima do penedo:
Vês a linha que vai fazendo o fumo,
Nodoando a luz, riscando o ambiente a prumo?
Saibamos quem madruga ali tão cedo.
Ora!... não digas não... não tenhas medo;
Pelas pisadas acharemos rumo:
Há qualquer trilho oculto entre o arvoredo...
Vamos subir... subamos, em resumo.
Embora traço algum recente o indique,
É irmos: o teu braço ao meu apóia,
Não penses tu que o sol te prejudique;
E enquanto eu vou mostrar-te aquela jóia
Feita de palha e quatro paus a pique,
Mostra em ti um retrato em pé de Goya.